sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A redescoberta de rãs no Haiti pode ser sinal de esperança

Uma equipa de cientistas da Conservation Internacional (CI) e do Grupo Especialista em Anfíbios da UICN (União Internacional para a Conservação), durante uma expedição à montanhas do Haiti, encontrou seis espécies de rãs que não eram vistas há décadas e que se pensavam perdidas.


Os cientistas procuravam outra espécie que se julgava desaparecida há mais de 25 anos, a rã La Selle Grass (E. Glanduliferoides), mas acabaram por encontrar 23 das 49 espécies nativas conhecidas do Haiti, seis das quais que se pensava perdidas há 19 anos e que estão Criticamente Ameaçadas. (imagens aqui)
Entre as redescobertas, está a rã ventríloqua ( Eleutherodactylus Dolomedes ), que consegue projectar o som do seu canto como se viésse de outro lugar, o que torna muito difícil localizá-la (gravação de som aqui).
Os investigadores recolheram 10 espécies criticamente ameaçadas, para um programa de reprodução em cativeiro no jardim zoológico de Filadélfia. A criação de espécies em cativeiro é uma forma de preservar espécies. Estas rãs podem ser reintroduzidas na natureza, se as populações selvagens desaparecerem em consequência da desflorestação do Haiti. (vídeo no final)
Segundo Blair Hedges, responsável da expedição, a biodiversidade do Haiti, incluindo as rãs, está a aproximar-se de uma extinção em massa causada pela desflorestação massiva e quase completa. "A menos que a comunidade global consiga uma solução em breve, vamos perder muitas espécies únicas para sempre."
Numa altura em que o povo do Haiti lembra os seus mortos do terramoto e tenta sobreviver à doença, num país ainda por reconstruir, a descoberta destas espécies únicas, apesar das enormes pressões, e a preocupação pela sua conservação pode ser uma boa notícia.
Com as florestas tão fragmentadas, a presença de rãs é um indício que nem tudo está perdido para os cansados ecossistemas do Haiti. Os anfíbios são uma espécie de barómetro da saúde do planeta.
Uma população de quase 10 milhões de pessoas depende das florestas para a sua subsistência, segurança alimentar e água doce. Mas se as rãs desaparecerem, também desaparecem os recursos naturais vitais para as pessoas sobreviverem. A saúde dos recursos naturais e ecossistemas do Haiti deve ser central nos esforços de reconstrução do país.


Fontes: Esperança para o Haiti (Conservation Internacional ) / Público.pt

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