sábado, 29 de janeiro de 2011

Recuperação dos pântanos da Mesopotâmia, o jardim do Éden do Iraque

Os sapais (Pântanos) da Mesopotâmia formam uma área húmida localizada no sul do Iraque e, parcialmente, no sudoeste do Irão. Historicamente a região foi o maior ecossistema húmido da Eurásia.
É uma paisagem rara no deserto, proporcionando habitat para os árabes Marsh e populações importantes de vida selvagem.

Sapais da Mesopotâmia, Jardim do Éden iraquiano - Fonte: wikipédia

Os Sapais da Mesopotâmia, plenos de água e vida natural, são tidos por muitos cristãos como o berço da humanidade, o verdadeiro Jardim do Éden.
A drenagem dos pântanos começou na década de 1950 e continuou até à década de 1970, para recuperar as terras para a agricultura e a exploração de petróleo.
Contudo, na década de 1990, ex-líder iraquiano Saddam Hussein drenou os rios que abasteciam a área para punir as tribos árabes nativas da região pantanosa, que se haviam revoltado contra seu governo após a primeira Guerra do Golfo, e outros opositores que se refugiaram no local. Foi construída uma rede de canais para desviar a água dos rios Eufrates e Tigre, direcionando-a para o mar. A área de pântanos e lagos, que cobria 15 mil quilómetros quadrados no sul do país, passou a ocupar perto de 10% do seu território original, de acordo com o relatório da Agência para o Ambiente 2001 da ONU, com graves consequências para a vida selvagem e os povos que ali viviam.
Actualmente tenta-se recuperar os pântanos da Mesopotâmia com o retorno da água e dos pássaros.
Após a ocupação do Iraque, em 2003, o iraquiano Azzam Alwash e um grupo de engenheiros e biólogos trabalham para restaurar os pântanos e trazer de volta as inúmeras espécies de animais e plantas nativas da região. Azzam Alwash fundou a organização Nature Iraq, dedicada a proteger e restaurar o património natural iraquiano.

A pardilheira (pato Marbled Teal ), Marmaronetta angustirostris, voltou aos sapais da Mesopotâmia
Fonte: wikipédia

Pouco a pouco os pântanos foram sendo recuperados, no entanto voltaram a sofrer com a disputa pelo abastecimento de água. As represas locais reduziram o volume de água que chega à região. Já não há inundações na primavera, que retiravam os depósitos de sal acumulados no pântano e reabasteciam os leitos das lagoas com minerais. Por isso os sapais estão a ficar cada vez mais salinos, o que afecta o ecossistema da região, agravado com a seca regional prolongada, que está provocando um segunda onda de desertificação no local, ameaçando a vida selvagem e dificultando a sobrevivência das poucas tribos árabes que retornaram aos sapais.
Para reverter a situação estão a ser tomadas algumas medidas, como fechar um dos canais de drenagem construídos por Saddam, prevendo-se a redistribuição da água que chega aos sapais, para garantir um suprimento contínuo para os pântanos centrais.
Apesar de tudo, a recuperação possível dos sapais fez voltar plantas, insectos e peixes, criando uma vasta área de alimentação para a migração e reprodução de aves, incluindo o Sagrado Ibis, a toutinegra endémica Basrah Reed, o Iraq Babbler (Turdoides altirostris) e a maioria da população do mundo de patos Marbled Teal (Marmaronetta angustirostris), abelharucos e outros.
Fonte: ÚltimoSegundo

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