A parte sul do recife, numa extenção de cerca de 2.000 Km ao longo da costa nordeste de Queensland, na Austrália, começou a receber as águas poluídas das inundações, lançadas pelos rios de Queensland.
Vai demorar alguns anos para se conhecer o verdadeiro impacto das inundações, que podem vir a afectar todo o ecossistema do grande recife de coral, o maior em todo o mundo e Património Mundial da Humanidade.
Em imagem de satélite pode ver-se as águas contaminadas do rio Fitzroy em direcção ao recife de coral (04/01/2011)
Crédito: NASA/ Norman Kuring
De acordo com Michelle Devlin, o investigador da Universidade James Cook, de Townsville, que está monitorizando a entrada de água contaminada, apenas as enchentes das bacias do Burnett Mary e do río Fitzory, no centro de Queensland, já cobrem 11% da superfície do oceano da Grande Barreira de Corais. Os corais correm um risco directo pelos efeitos das águas contaminadas com fertilizantes, pesticídas e outros produtos.
Água doce e águas contaminadas matam os corais - Crédito: wikipédia
No entanto, o maior impacto imediato das inundações é a grande quantidade de água doce que está correndo para o mar e invadindo o recife. Água doce mata o coral, por isso os recifes costeiros mais superficiais, no caminho das correntes contaminadas, estão ameaçados. As correntes de águas turvas, ricas em nutrientes, espalham a água poluída de pesticidas e também sufocam os corais de águas mais profundas, bloqueando a luz e limitando a fotossíntese, enquanto que favorecem o crescimento de competidores dos corais, como as macroalgas.
Para o Instituto Australiano de Ciência Marinha, que estuda os efeitos a longo prazo de uma inundação no recife, a sua maior ameaça pode surgir daqui a cerca de três anos, o tempo normal para aparecer a maior ameaça singular do coral, a estrela-do-mar coroa-de-espinhos, Acanthaster planci.
Estrela coroa-de-espinhos, Acanthaster planci, alimenta-se dos corais
Crédito: wikimedia commons
As microalgas resultantes das águas contaminadas constituem o alimento ideal para as larvas da coroa-de-espinhos, e estas estrelas são predadores dos corais. Cada fêmea põe cerca de 60 milhões de ovos por ano, e depois de uma inundação praticamente verifica-se uma "explosão" na população de estrelas coroa-de-espinhos, que demoram três anos a atingir a maturidade. As larvas, transportadas de um recife para outro, podem invadir toda a barreira, matando os corais.
Estas grandes inundações, dois anos depois das inundações de 2008/2009, em Queensland, favorecem o desenvolvimento das larvas das estrelas. Receia-se que possa acontecer um surto destes predadores. Os recifes de coral tipicamente levam até 25 anos para se recuperar de cada evento da estrela-do-mar, e a Grande Barreira de Corais já tem um surto populacional de estrelas em média a cada 15 anos.
Fonte: Nature / El Mundo.es
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