sábado, 1 de janeiro de 2011

2010 não foi um ano muito bom para o planeta

Mal o ano começou, o planeta tremeu. Em 12 de Janeiro, um tremor de terra devastador abanou o Haiti, um dos países mais pobres do mundo, provocando cerca de 300 mil mortes.

A capital do Haiti, Porto Principe ficou destroçada em menos de um minuto

Pouco depois, em 27 de Fevereiro, foi a vez do Chile. Um terramoto de magnitude 8 afectou 80% do território chileno, matando mais de 500 pessoas. Segundo os geólogos, foi o quinto maior terramoto do mundo desde que há registos.
No mês seguinte outro tremor de terra matou mais de 3.000 pessoas na China. A Terra continuou a tremer durante todo o ano e produziram-se fortes terramotos na Turquia, México, Afganistão, Irão e Nova Zelandia.

Mas os desastres naturais continuaram. Em Abril, um vulcão islandês, com um nome difícil ou impossível de pronunciar (Eyjafjällajokull ), lançou o caos na Europa, que ficou quase isolada, em Abril e Maio, por encerramento do espaço aéreo contaminado com as suas cinzas. Segundo informação de Oxford Economics, as perdas foram superiores aos 4.000 milhões de euros.

O vulcão Eyjafjällajokull lançou o caos na Europa em Abril e Maio - Fonte: wikipédia

Na Indonésia, outros vulcões entraram em actividade (Sinabung e Merapi) e ameaçaram as populações que foram obrigadas a deixar as suas casas, algumas morreram.

No final de Julho, as intensas chuvas da monção inundaram parte do Pakistão, afectando mais de 20 milhões de pessoas, matando mais de 1200 e desalojando alguns milhares. As inundações devastaram as culturas, deixando milhares de pessoas sem alimento e provocando o aumento do número de doenças com a diarréia, cólera e paludismo.

As inundações aumentaram a fome e as doenças
Enquanto o Paquistão lutava contra a água, as florestas russas arderam durante o mês de Agosto, com grandes prejuizos económicos, como consequência da onda de calor que atingiu o país. Os incêndios voltaram em Setembro, mas menos graves. Morreram cerca de 60 pessoas.

O progressivo degelo do Oceano Árctico, devido ao aumento de temperatura do planeta, permitiu a entrada de companhias para exploração de petróleo e gás nesta região rica em recursos mineiros, mas inacessível até agora pelas suas baixas temperaturas e gelo.

Toda a costa norte de Rússia está transitável (Setembro - à esquerda), o que facilitaría a abertura da desejada rota marítima desde Europa à China através o Árctico - Crédito: Earth Observatory

A primeira foi a companhia britânica Cairn Energy que, este verão começou a abrir poços de petróleo e gás na Gronelândia, levantando uma onda de protestos por parte das organizações ambientalistas, nomeadamente a Greenpeace, numa tentativa de evitar a exploração desta zona virgem da Terra. O aquecimento global, devido à emissão de CO2 e à queima do petróleo, está a facilitar a entrada no Árctico para obter mais combustível fóssil o que irá agravar o fenómeno.
Canadá, Rússia, Noruega, Estados Unidos e Dinamarca, os únicos países com costas árcticas, reclamam os seus direitos territoriais sobre o petróleo, o gás e as reservas de metais preciosos que são cada vez mais acessíveis à medida que a capa de gelo se reduz, abrindo zonas que, historicamente, têm estado vedadas ao homem e facilitando as rotas marítimas no norte do planeta.
O Árctico não tem nenhum estatuto de protecção, contrariamente à Antárctida, protegida da exploração comercial por um tratado internacional que a consagra como reserva. Até agora a sua inacessibilidade afastou-o da exploração e dos riscos da actividade indústrial, como a contaminação e os efeitos da intervenção humana.
Actualmente o mundo assiste a uma corrida de países e indústrias que querem ser os primeiros a tomar posse do Árctico e a extrair as suas riquezas.

2010 foi o ano mais quente, conjuntamente com 1998 e 2005, e é o último da década também mais quente da história desde que existem registos, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). A temperatura média foi 0,46º superior à média de 1961-1990, e 0,03º maior que a da década 2000-2009.
Uma das grandes preocupações associadas a este aumento de temperatura é o gelo do Árctico que continua a derreter a níveis alarmantes no verão.


O gelo marinho do Árctico regula o clima mundial, pois arrefece o planeta ao reflectir a luz solar para o espaço. Do mesmo modo, influencia a circulação oceânica convertendo as águas temperadas do Pacífico que chegam ao Árctico em águas frias, mais salgadas, e que depois correm para o Atlântico. Os cientistas mostram-se preocupados pela diminuição da capa de gelo registada nos últimos anos.
As regiões polares são particularmente sensíveis aos efeitos das alterações climáticas mas as consequências poderiam afectar todo o planeta.

Como fenómenos climáticos extremos em 2010, os ciclones e furacões no Atlântico foram mais fortes, tal como tinha sido previsto pelos meteorologistas. Os furacões Karl, Matthew ou Paula provocaram danos materiais e mortes nos Estados Unidos e na América Central.


No final do ano, o furacão Tomás, cruzou o Haiti, afectando várias povoações. Os haitianos terminam o ano como começaram, vítimas de fenómenos naturais catastróficos, enquanto lutam contra uma epidemia de cólera que já matou alguns milhares.

E como tudo isto fosse pouco, o homem também deu a sua ajuda à natureza destruidora, provocando enormes desastres como o derramamento de petróleo no Golfo do México, em 20 de Abril, que matou 11 trabalhadores, originando o maior derrame de crudo da história.

O petróleo matou muitos animais

Este desastre ecológico matou milhares de animais e afectou a indústria pesqueira no Golfo devido à proibição da pesca. Ao fim de cinco meses a fuga de petróleo terminou, no entanto os cientistas alertam que o dano causado nos ecossistemas vai persistir durante anos e temem que o petróleo tenha entrado na cadeia alimentar.

A lama vermelha é tóxica, contém alumina ou óxido de alumínio, químico usado como base em produtos de cerâmica industrial e como aditivo em processos químicos.

Uma fissura no reservatório de lamas tóxicas, na Hungria, cobriu de lama vermelha várias populações húngaras e ameaçou os ecossistemas do Danúbio. Morreram sete pessoas, outras ficaram feridas e muitas desalojadas.

2010 foi o Ano Internacional da Biodiversidade, a perda de espécies tornou-se num grave problema e os políticos vão tomando consciência pouco a pouco.
No entanto, o terceiro relatório da Avaliação Global da Biodiversidade, Global Biodiversity Outlook (GBO-3), divulgado no dia 10 de Maio, é apontada a dramática perda da biodiversidade, confirmando que “o mundo não conseguiu cumprir o seu objectivo de alcançar uma redução significativa na taxa de perda de biodiversidade até 2010”.


De acordo com os dados do Relatório Planeta Vivo 2010, apresentado pela organização WWF Global, o planeta está a perder biodiversidade, sobretudo nas regiões tropicais, e os seus recursos naturais também estão a diminuir rapidamente.
São apontadas como causas principais da perda da fauna e flora mundiais, a destruição dos habitats, sobre-exploração das espécies, poluição, espécies invasoras e alterações climáticas.
A procura de recursos naturais também ultrapassou em 50 % o que a Terra pode oferecer, isto é, actualmente a população humana está a usar, em média, 1,5 planetas para suportar as suas actividades.

Durante a Convenção da ONU, em Outubro, celebrada na cidade japonesa de Nagoya para tentar diminuir a perda de espécies, os 193 países presentes comprometeram-se apenas a proteger 17% das áreas terrestres e 10% das áreas marinhas até ao ano de 2020.


A Cimeira de Cancún sobre as Alterações Climáticas, em Dezembro, também não teve resultados animadores. Depois de duas semanas de discussões e desentendimentos, os paises chegaram a um modesto acordo para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, com um objectivo (difícil de cumprir) de tentar que o aumento de temperatura não ultrapasse os dois graus centígrados até ao final do século. Foi adiada a decisão sobre o Protocolo de Quioto que termina em 2012. Os principais líderes mundiais não estiveram presentes.
As próximas negociações sobre as alterações climáticas serão na Cimeira de Durban, África do Sul, em 2011.
Fonte: El Mundo.es

Link relacionado:
Retrospectiva 2010

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