sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sondas espaciais gémeas vão estudar a radiação dos Cinturões de Van Allen

As sondas Radiation Belt Storm vão estudar os cinturões de radiação Van Allen que envolvem a Terra, para ajudar a proteger o nosso planeta - Crédito: JHU/APL, NASA

A NASA adiou o lançamento das naves espaciais gémeas Radiation Belt Storm Probes (RBSP), que devia acontecer esta sexta-feira (24 de Agosto), devido a um problema técnico no sistema de rastreamento que monitora o foguetão da missão.
O foguetão Atlas 5, transportando as duas naves, agora está programado para descolar no sábado, 25 de Agosto, a partir da Base da Força aérea do Cabo Canaveral, na Flórida.
As sondas fazem parte de um projecto de dois anos para estudar o ambiente de radiação que envolve a Terra. Para isso, as sondas gémeas vão voar em formação para explorar os cinturões de radiação de Van Allen (Van Allen Radiation Belts) que circundam o nosso planeta.
Estes cinturões de radiação são duas zonas gigantes de radiação, em forma de donuts (coroa circular), que rodeiam a Terra. Foram descobertos, em 1958, pelo cientista James A. Van Allen, a partir de dados do primeiro satélite americano Explorer 1. Ficam relativamente perto da Terra, situados entre os satélites em órbita geoestacionária (acima) e os satélites em órbita baixa da Terra (LEO) que, em geral, têm órbitas inferiores aos cinturões.

Duas zonas gigantes de radiação, em forma de donuts (em verde), rodeiam a Terra. São os Cinturões de Radiação de Van Allen - Crédito: NASA / T. Benesch, J. CARNs

Os cinturões de radiação contêm partículas altamente energéticas capazes de afectar os satélites ou os astronautas no espaço. Pensa-se que a maioria dessas partículas invisíveis resulta do vento solar que está constantemente a fluir do Sol, embora algumas têm origem nos raios cósmicos do espaço.
Erupções solares podem criar uma onda de choque que dobra os cinturões de radiação em direção à Terra, aumentando o conteúdo dos cinturões ou acelerando ainda mais o movimento das partículas, o que pode danificar as redes de energia, perturbar satélites e GPS e ameaçar os passageiros de aviões voando a altitudes maiores.
Os cientistas esperam que as sondas Radiation Belt Storm possam ajudar a entender não só as origens dessas partículas, mas também os mecanismos que as tornam tão rápidas e energéticas, compreender o seu comportamento dentro e fora dos cinturões de Van Allen que envolvem a Terra.
A Terra não é o único planeta do sistema solar, com cinturões de radiação. Júpiter e Saturno também têm faixas de partículas carregadas em torno deles. Já foram detectadas regiões de alta energia em todo o universo, por exemplo na Nebulosa do Caranguejo.
O estudo dos cinturões de radiação, para além de ajudar a compreender o clima espacial próximo da Terra e a proteger astronautas e aparelhos electrónicos no espaço, pretende estudar o plasma, pois é o local mais próximo onde se pode encontrar esse gás ionizado que constitui quase todo o universo e que também envolve a Terra.
Um melhor conhecimento da radiação que envolve a Terra será também um contributo para a compreensão de outras regiões de radiação do sistema solar ou outro lugar do universo.
Fonte: NASA e Space.com

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