sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Antárctida já teve palmeiras há milhões de anos

Antárctida já foi tropical, há 53 milhões de anos, e onde cresceram palmeiras - Fonte: wikipédia

Há cerca de 53 milhões de anos, o continente gelado da Antárctida estava coberto de florestas tropicais, onde cresciam palmeiras, revelou um estudo publicado na revista Nature. Além disso, os resultados também sugerem que as temperaturas da região nesse período, no início do Eoceno, oscilariam entre 10 graus Celsius no inverno e 25 graus durante o verão.
O início do período Eoceno, que foi marcado por um 'efeito estufa' do passado, tem despertado crescente interesse científico, pela possível semelhança com o aquecimento da Terra actual. Foi um período com concentrações atmosféricas de CO2 mais elevadas do que as actuais 395 partes por milhão (ppm), podendo ser superiores ao dobro ou mais.
Um melhor conhecimento do clima do passado pode ajudar a compreender o comportamento futuro do clima da Terra.
Cientistas quiseram saber como era a Antárctida neste período. Para isso, analisaram o sedimento a mil metros de profundidade, pertencente ao Eoceno, e recolhido em perfurações realizadas ao largo da costa oriental da Antárctida. Os investigadores encontraram nas amostras de solo fósseis de pólen e esporos provenientes de árvores de uma selva tropical e subtropical, semelhante às que se conhecem actualmente nas zonas dos trópicos, entre as quais palmeiras.

O estudo também descobriu parentes de árvores modernas, como o embondeiro e a macadamia - Fonte: wikipédia

Juntamente com a matéria vegetal, os cientistas descobriram restos de organismos unicelulares (chamados archaea). As suas estruturas celulares mostram as subtis mudanças moleculares que dependem da temperatura do solo, no local onde elas viveram. Depois de mortas, essas estruturas são preservadas durante milhões de anos, dando pistas sobre as temperaturas do passado distante.
Os resultados da investigação sugerem que as temperaturas da região nesse período eram mais amenas. Mesmo nos períodos mais sombrios do inverno antárctico, a temperatura nunca foi inferior a 10ºC e, no verão, as temperaturas diurnas rondavem os 20ºC.
As planícies costeiras tinham palmeiras e as áreas mais para o interior eram povoadas com faias e coníferas.
Os resultados do estudo, publicado em 1 de Agosto de 2012, traduzem a grande diferença climática entre o passado remoto da Antárctida e a actualidade nesta região gelada da Terra, e podem contribuir para melhorar os modelos de computador usados na avaliação do comportamento futuro do clima da Terra perante as emissões de poluentes.
Segundo os cientistas, apesar de alguma semelhança com o aquecimento da Terra moderna, as concentrações de CO2 do Eoceno talvez nunca sejam alcançadas, se houver uma redução de emissão de CO2. Um futuro efeito de estufa provocaria a longo prazo o degelo e o aumento do nível do mar entre 70 e 80 metros.
Fonte: BBC

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