O fóssil pertence ao animal com placenta mais antigo encontrado até agora, um roedor semelhante a um pequeno musaranho de focinho comprido, e viveu há cerca de 160 milhões de anos, no período Jurássico, compartilhando o terreno com os dinossáurios. (imagens e ilustrações do fóssil encontrado)
Fóssil de eutheria da espécie Eomaia scansoria, descrita em 2002 e datada de há 125 milhões de anos. A espécie Juramaia sinensis, de há 160 milhões de anos e agora descoberta, dá evidências fósseis mais antigas que suportam os resultados de DNA, tornando-se o placentário mais antigo conhecido - Fonte: wikipédia
De acordo com o artigo publicado na revista Nature, este fóssil representa um novo marco na evolução dos mamíferos, 35 milhões de anos antes do que se pensava, preenchendo uma importante lacuna no registo fóssil e ajudando a calibrar os modernos métodos baseados no DNA para datação da evolução.
A espécie, baptizada como 'Juramaia sinensis', 'a mãe jurássica da China', sendo o mamífero com placenta (para nutrição do embrião dentro do corpo) mais antigo, fornece evidência fóssil sobre a data em que este grupo de mamíferos divergiu de outros, cujos descendentes incluem os marsupiais (que carregam os filhotes numa bolsa exterior) como os cangurus e os monotremados (reproduzem-se por ovos) como o ornitorrinco, formando diferentes ramos evolutivos.
Para os seus descobridores, 'Juramaia sinensis' é uma espécie de bisavó de todos os mamíferos com placenta existentes actualmente. Embora não especificados, os seres humanos também estão incluídos.
O fóssil de Juramaia foi descoberto na província de Liaoning, no nordeste da China, e encontra-se no Museu de História Natural de Pequim. O fóssil tem um crânio incompleto, parte do esqueleto e impressões residuais de tecidos moles, como o pêlo que cobria o corpo. Mas, sobretudo, ele conservou os dentes completos e os ossos das patas dianteiras que permitiram aos paleontólogos identificar que Juramaia está mais perto dos animais com placenta do que dos marsupiais com bolsa externa, como os cangurus.
"Compreender o momento em que apareceram os placentários é muito importante para o estudo da evolução dos mamíferos", assegura Zhe-Xi Luo, um dos descobridores e paleontólogo do Museu de Historia Natural de Carnegie.
Modernos métodos baseados no DNA podem calcular o tempo de evolução, mas este tempo tem de ser comprovado por registo fóssil.
Para os mamíferos placentários, as evidências de DNA mostravam que deveriam ter-se separado dos restante no registo fóssil, há cerca de 160 milhões de anos. No entanto, até agora, o mais antigo fóssil era da espécie Eomaia scansoria, descrita em 2002 e datada de 125 milhões de anos atrás. Juramaia dá evidências fósseis mais antigas que suportam os resultados de DNA.
'Juramaia sinensis' também revela características adaptativas que podem ter ajudado a espécie a sobreviver no ambiente difícil do Jurássico. Os seus quadris são adaptados para a escalada. Quase todos os mamíferos da época viviam apenas em terra, por isso os cientistas argumentam que a adaptação para escalar e subir em árvores, explorando os ramos, poderia servir para explorar um espaço que estava desocupado, pois na altura não havia aves.
"A divergência dos mamíferos eutheria dos marsupiais eventualmente levou ao aparecimento da placenta e uma nova forma de reprodução que são cruciais para o sucesso evolutivo dos placentários. Mas a adaptação ao meio, que lhes permitiu explorar as árvores, foi uma característica que ajudou no seu êxito", disse Luo.
Depois do desaparecimento dos dinossáurios, há 65 milhões de anos, foram os mamíferos placentários que triunfaram sobre a Terra. De acordo com jornal online, El Mundo.es: "Só a espécie humana, este ano, atingirá os 7 biliões de exemplares que começaram a partir de uma 'quase-musaranha'".
Fonte: Carnegie Museum of Natural History
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