A vida à base de oxigénio pode ter surgido nos oceanos, antes de se formar o oxigénio atmosférico - Crédito: NASA /Reto Stöckli
Actualmente, cerca de um quinto do ar que respiramos, e do qual depende a vida, é oxigénio. No entanto, ele não existia ou era raro na atmosfera primitiva. Só a partir do Grande Evento de Oxigenação (GOE), o oxigénio molecular,O2, constituído por dois átomos de oxigénio, se acumulou na atmosfera terrestre, há cerca de 2,3 biliões de anos, contribuindo para a respiração e evolução da vida na Terra, tal como a conhecemos.
Há dez anos que se debate se o oxigénio terá aparecido mais cedo do que se pensava, quando se desobriram rochas contendo esteróides fósseis, um ingrediente essencial das membranas de alguns organismos e que precisa de oxigénio. Os fósseis foram datados 300 milhões de anos antes do Grande Evento de Oxigenação.
Agora, novas pesquisas sugerem que o oxigénio estava presente na Terra 300 milhões anos antes de ter surgido livre na atmosfera, formando uma espécie de "oásis" nos oceanos. Os pesquisadores encontraram evidências de que minúsculos organismos aeróbicos podem ter evoluído para sobreviver com níveis extremamente baixos do gás nestes oásis oceânicos.
Para testar a sua hipótese, os cientistas experimentaram com fermento, um organismo unicelular (levedura) que usa oxigénio na síntese de esteróides e verificaram que ele foi capaz de funcionar com quantidades muito pequenas do gás, cerca de 50.000 vezes menor do que se encontra actualmente à superfície do mar.
Estes resultados sugerem que os antepassados primitivos da levedura podem ter conseguido o mesmo, utilizando minúsculas quantidades de oxigénio dos oceanos, o que apoia a ideia de que a vida à base de oxigénio pode ter surgido antes da Grande Oxigenação.
Segundo os cientistas, alguns micróbios como as cianobactérias (algas azuis-verdes), que vivem na superfície dos oceanos, desenvolveram a capacidade de produzir oxigénio por fotossíntese, há muito tempo. Nos primeiros tempos, muito deste oxigénio foi consumido rapidamente pelos primeiros organismos aeróbicos, e o restante gasto em reacções químicas com ferro e sulfuretos dos vulcões submarinos. Mais tarde, eventualmente, formou-se oxigénio suficiente para fluir livremente para a atmosfera, dando início ao Grande Evento de Oxigenação.
O estudo foi publicado online, em 8 de Agosto, em Proceedings of the National Academy of Sciences.
Fonte: LiveScience
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