segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Micróbios fósseis de 3,4 biliões de anos descobertos na Austrália

Uma equipa de cientistas da Universidade da Austrália Ocidental e da Universidade de Oxford encontrou fósseis possivelmente os mais antigos da Terra. Pertencem a seres microscópicos e mostram evidências de células e bactérias que viviam num ambiente sem oxigénio, há mais de 3,4 biliões de anos, segundo um estudo publicado na revista científica Nature Geoscience

Composição de imagens obtidas pelo satélite Landsat-7 em 19 de Maio de 2000 (no norte), e 23 de Junho de 2001 (no sul). Mostra a região de Pilbara, da Austrália Ocidental, terreno acidentado, com temperaturas altas e pouca chuva. A formação rochosa de Strelley Pool aparece perto da parte inferior da imagem, no lado leste do rio Shaw. As rochas de Strelley Pool preservam um ambiente que existia há 3,43 biliões de anos, incluindo vários tipos de fósseis primitivos. A área já esteve submersa sob o mar e era relativamente plana, talvez o fundo de um oceano raso. Estas rochas antigas interessam no estudo do início de vida na Terra e na procura de pistas para a vida noutros planetas - Crédito: NASA/Jesse Allen

Os microfósseis foram encontrados em Strelley Pool, na Austrália Ocidental. Encontram-se entre os grãos de areia de quartzo da mais antiga praia ou costa conhecida na Terra, em algumas das rochas sedimentares também mais antigas do planeta, formadas entre dois eventos vulcânicos, o que permite datá-las com precisão.
Os fósseis minúsculos estão agrupados e muito bem preservados, mostrando estruturas semelhantes a células com tamanhos similares. Aparecem incrustados em cristais microscópicos de pirite, um mineral à base de sulfureto de ferro. Segundo o estudo, esses cristais resultaram da actividade biológica dos microorganismos fósseis. Para os cientistas, os isótopos dos átomos presentes nestes cristais, indicam que a pirite foi formada como um subproduto do metabolismo celular à base de compostos de enxofre.
Há 3,4 biliões de anos, a Terra era um lugar quente, com grande actividade vulcânica, onde a temperatura dos oceanos atingia os 40°C a 50°C. As massas de terra eram pequenas e não havia plantas ou algas para realizar a fotossíntese e produzir oxigénio. A nova descoberta evidencia um início de vida à base de enxofre, metabolizando compostos contendo enxofre, em vez de oxigénio, para obter energia e desenvolver-se.
Actualmente ainda existem bactérias de enxofre, sobretudo em lugares quentes, como as que são encontradas nas chaminés hidrotermais, no fundo dos oceanos.

Imagem de Gale Crater (Cratera Gale) que mostra camadas de rocha que preservam um registro de ambientes em Marte. O robô Curiosity da NASA vai estudar os minerais desta cratera (de argilas e sulfatos) para um melhor conhecimento dos ambientes antigos de Marte. Essas rochas também são um alvo privilegiado na busca de moléculas orgânicas já que estes ambientes passados podem ter sido habitáveis, capazes de suportar vida microbiana - Crédito: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona

O estudo também pode ter implicações na investigação em Astrobiologia. O conhecimento das formas de vida primitivas na Terra pode fornecer pistas na procura de vida possível noutros planetas do Sistema Solar.
Em Novembro próximo, a NASA tenciona lançar o robô Curiosity, na missão Mars Science Laboratory, que vai investigar Gale Crater (Cratera Gale), em Marte, uma região contendo muitos minerais formados na presença de água, tal como apontam as imagens orbitais. O objectivo é procurar evidências de vida microbiana primitiva.
Fonte: Universidade de Oxford/comunicado

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