terça-feira, 15 de março de 2011

O terramoto do Japão pode ter encurtado os dias da Terra e movido o eixo

Com base nas estimativas da United States Geological Survey, sobre o modo como se moveu a falha responsável pelo terramoto de magnitude 9,0 no Japão, em 11 de Março, o cientista Richard Gross do Jet Propulsion Laboratory da NASA em Pasadena, Califórnia, aplicou um modelo complexo para realizar um cálculo preliminar teórico de como o terramoto no Japão, o quinto maior desde 1990, afectou a rotação da Terra.
Os seus cálculos indicam que, alterando a distribuição da massa da Terra, o terramoto japonês deve ter feito a Terra girar um pouco mais rápido, encurtando o comprimento do dia em cerca de 1,8 microssegundos (um microssegundo é a milionésima parte de um segundo).

As mudanças na rotação da Terra e eixo são perfeitamente naturais - Crédito imagem: NASA/Robert Simmon and Reto Stöckli

Os cálculos mostram, também, que o terramoto no Japão deve ter mudado a posição do eixo da Terra (o eixo imaginário sobre o qual a massa da Terra se mantém equilibrada) em cerca de 17 centímetros, para 133º de longitude leste. Este eixo não deve ser confundido com o seu eixo norte-sul; eles estão desalinhados cerca de 10 metros. Esta mudança no eixo do planeta fará a Terra oscilar um pouco diferente à medida que gira, mas não vai alterar o eixo da Terra no espaço, que só pode ser alterado por forças externas, tais como a atração gravitacional do sol, da lua e dos planetas.
Cálculos semelhantes foram feitos para o terramoto de magnitude 8,8, em 2010 no Chile, e terramoto de magnitude 9,1 de 2004, em Sumatra. No primeiro, o cientista Richard Gross estimou que o tremor deve ter diminuído a duração do dia em cerca de 1,26 microssegundos e deslocado o mesmo eixo da Terra em cerca de 8 centímetros. Para o terramoto de Sumatra, a redução do dia foi estimada em 6,8 microssegundos e a deslocação do eixo da Terra em cerca de 7 centímetros.
O modo com um terramoto afecta o eixo da Terra depende da sua grandeza, localização e forma de deslizamento da falha que provoca o sismo. O sismo do Chile, apesar de magnitude inferior, resultou de uma falha mais profunda e com um ângulo ligeiramente mais acentuado, localizada em latitudes mais afastadas do equador, o que o tornou mais eficaz na mudança da massa da Terra e, portanto, também com maior efeito na rotação da Terra e eixo.
De acordo com Richard Gross, as mudanças na rotação da Terra e eixo, causadas ​​por terramotos, não devem ter qualquer impacto no nosso quotidiano, são mudanças perfeitamente naturais.
Em teoria, a rotação da Terra muda com qualquer coisa que provoque uma redistribuição da massa do planeta como, por exemplo, devido a mudanças nos ventos da atmosfera e das correntes oceânicas.
Durante o ano, a duração dos dias muda (aproximadamente 550 vezes mais do que a mudança provocada pelo terramoto japonês) e o eixo da Terra também (perto de 1 metro, cerca de seis vezes mais do que a mudança causada pelo terramoto no Japão).
Os cientistas continuam a trabalhar no sentido de obter resultados mais precisos dos efeitos do sismo na rotação da Terra. O facto dos efeitos serem muito pequenos traz algumas dificuldades nos cálculos. A mudança na duração do dia é ainda mais pequena que a precisão com que os cientistas podem, actualmente, medir as mudanças no comprimento do dia.
Fonte: Jet Propulsion Laboratory

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