Os dados obtidos pela Cassini na zona polar sul de Enceladus, marcada por fissuras lineares, indicam que a energia interna de calor gerado é cerca de 15,8 gigawatts, cerca de 2,6 vezes a potência de todas as fontes de água quente na região de Yellowstone, ou equivalente a 20 centrais eléctricas a carvão. De acordo com Carly Howett, o principal autor do estudo publicado no Journal of Geophysical Research em 4 de março, é maior do que a maior ordem de grandeza prevista pelos cientistas.
A zona do pólo sul de Enceladus emite muito mais energia do que os cientistas tinham previsto inicialmente - Crédito: NASA / JPL / SwRI / SSI
Segundo Howett, "o mecanismo capaz de produzir a maior potência interna observada permanece um mistério e desafia os modelos atualmente propostos para a produção de calor a longo prazo".
Já se sabe, desde 2005, que a zona polar sul de Enceladus é geologicamente activa e com uma actividade centrada em quatro estruturas paralelas lineares, com cerca de 130 Km de comprimento e 2 Km de largura, mais conhecidas por "tiger stripes". Cassini também descobriu que essas fissuras ejectam, constantemente para o espaço, grandes jactos de partículas de gelo e vapor d'água. O calor que escapa do interior de Enceladus aumenta a temperatura das fissuras.
Pelo menos quatro jactos distintos de água gelada são expelidos da região polar sul da lua Enceladus - Crédito: NASA / JPL / Space Science Institute
A nova análise de dados usa as observações da Cassini feitas em 2008 e que abrangem toda a zona polar sul. Através das temperaturas superficiais de Enceladus foi possível determinar a grande produção de energia da região.
Aponta-se uma possível explicação para o fluxo de calor elevado observado como resultado de uma mudança no tempo da relação orbital de Enceladus com Saturno e Dione, permitindo períodos de aquecimento mais intenso por efeito das marés, separados por períodos mais calmos. Cassini pode ter observado Enceladus num desses períodos mais activos.
Para Howett, esta determinação de maior fluxo de calor torna ainda mais provável que exista água líquida abaixo da superfície de Enceladus.
Recentemente, os cientistas descobriram que algumas das partículas dos jactos de Enceladus são ricas em sal, e provavelmente são gotas congelados de um oceano de água salgada em contato com o núcleo rochoso da lua, rico em minerais. A presença de um oceano subterrâneo, ou talvez um mar polar sul entre a capa de gelo exterior de Enceladus e o interior rochoso, aumentaria a eficiência do aquecimento por efeito das marés, permitindo uma maior distorção da camada de gelo.
"A possibilidade de água líquida, uma fonte de energia das marés e a observação produtos químicos orgânicos (ricos em carbono) nos jactos de Enceladus, tornam o satélite um local de forte interesse astrobiológico", disse Howett.
Fonte: Missão Cassini
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