segunda-feira, 21 de março de 2011

A experiência de Miller de 1958 pode ajudar a explicar a origem da vida na Terra

Amostras arquivadas de um estudo de Stanley Miller, de 1958, foram descobertas recentemente e analisadas por um ex-aluno, Jeffrey Bada. Os resultados obtidos no estudo dão novas pistas sobre como a vida pode ter surgido na Terra. 
Stanley Miller realizou experiências sobre a origem da vida . Demonstrou que é possível obter compostos orgânicos a partir de substâncias inorgânicas - Fonte: wikipédia

As amostras encontradas eram de uma experiência semelhante à de Urey-Miller (ou "sopa orgânica") e que foi realizada por Miller cinco anos depois, em 1958, em que, por qualquer razão, os resultados foram arquivados e não analisados.
em 2008, pesquisadores também analisaram os resultados de uma outra das experiências de Miller, onde foram encontrados 22 aminoácidos, dos quais 10 não tinham sido detectados em 1953, durante a experiência original.
Em 1953, Stanley Miller da Universidade de Chicago, em Illinois e os colegas realizaram uma das experiências famosas em toda a ciência, conhecida como 'experiência de Urey-Miller'. Os cientistas admitiram que a atmosfera da Terra primitiva era semelhante à de Júpiter e criaram uma mistura contendo metano (CH4), amónia (NH3), hidrogénio (H2) e água (H2O). De seguida, fizéram passar descargas eléctricas através desta "sopa elementar", simulando os raios que se acredita terem sido comuns na Terra primitiva. Como resultado, verificou-se a formação de diversas moléculas orgânicas e aminoácidos no que ficou conhecido como "sopa primordial". Deste modo, conseguiu demonstrar experimentalmente, que nas condições primitivas da Terra, seria possível aparecerem moléculas orgânicas através de reacções químicas na atmosfera, uma possibilidade para o início de vida no nosso planeta.
Desta vez, os investigadores analisaram os resultados de um dos estudos de Miller realizado em 1958.
As amostras encontradas revelam que ele provocou descargas eléctricas através de uma mistura gasosa contendo sulfureto de hidrogénio (H2S), metano (CH4), amónia (NH3) e dióxido de carbono (CO2). Esta mistura gasosa pode ter sido mais representativa do meio ambiente em torno das nuvens vulcânicas primitivas do que os gases usados ​​na experiência de 1953. As novas análises dessas amostras, utilizando métodos que ainda não estavam disponíveis para Miller, revelaram um total de 23 aminoácidos e 4 aminas, incluindo 7 compostos orgânicos sulfurados.

O cheiro forte a "ovos podres" indica a presença de gás sulfídrico (H2S) nas fumarolas de S. Miguel, Açores

A origem da vida é um dos temas mais debatidos, onde a fonte dos materiais químicos prébióticos continua a ser um mistério. Alguns pesquisadores consideram que a vida poderia ter começado em torno das fontes hidrotermais, que libertam um caldo quente, quimicamente activo e rico em minerais na profundidade dos oceanos.
De acordo com o estudo publicado hoje na revista Proceedings of National Academy of Sciences,  as condições primordiais simuladas por Miller podem servir como um modelo para a composição química das nuvens vulcânicas primitivas e fornecem uma visão do possível papel dessas nuvens na formação dos materiais necessários à vida. Além disso, o cientista também descobriu que as abundâncias globais dos aminoácidos sintetizados na presença do sulfureto de hidrogénio (H2S) são muito semelhantes às abundâncias encontradas em alguns meteoritos carbonáceos, sugerindo que o H 2 S pode ter desempenhado um papel importante nas reacções prebióticas em ambientes primitivos do sistema solar.
Fonte: Estadão / Estudo publicado na PNAS / Science / Scripps Institution of Oceanography

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