quarta-feira, 2 de março de 2011

Cientistas explicam a ausência de manchas solares entre 2008 e 2010.

Mais proeminências, erupções e tempestades solares mostram que a actividade solar está a aumentar, depois de um longo período de pouca actividade, no final do seu ciclo 23. Em 2008-2010, as manchas solares quase desapareceram completamente, durante dois anos e a actividade solar foi a menor em cem anos.
Agora, numa pesquisa publicada na revista Nature, um grupo de cientistas desenvolveu, pela primeira vez, novas simulações de computador do interior do Sol que sugerem que o longo período de calmaria solar foi o resultado de variações dos fluxos de plasma quente no interior do Sol.

O Sol apresenta correntes de plasma (linhas a preto) que unem a superfácie da estrela ao seu interior - Crédito: Muñoz Jaramillo, da Harvard. CfA Andrés

De acordo com Andrés Muñoz-Jaramillo, pesquisador em Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), o Sol contém enormes 'rios' de plasma semelhante às correntes oceânicas da Terra e esses rios de plasma solar afectam a actividade da nossa estrela.
O Sol é formado por plasma onde fluem livremente partículas electrizadas, formando correntes de plasma responsáveis pelos campos magnéticos solares, que estão na base da actividade solar através, nomeadamente, da criação de proeminências, erupções e manchas solares.
Sol apresenta um ciclo de 11 anos em média. No seu período mais activo, no máximo solar, aparecem as manchas solares na superfície do Sol e erupções frequentes lançam biliões de toneladas de plasma quente para o espaço. Se o plasma atinge a Terra, pode interromper comunicações e redes elétcricas e destruir satélites.
Durante o mínimo solar, o Sol fica mais calmo e raramente se formam manchas solares e erupções. Os efeitos na Terra ainda são significativos. O campo magnético solar enfraquece e o vento solar diminui, permitindo que mais raios cósmicos cheguem até nós vindos do espaço interestelar.
Durante o mínimo solar, na realidade o espaço torna-se um lugar perigoso para viajar. Simultaneamente, não há aquecimento provocado pelos raios UV, normalmente produzidos pelas manchas solares, por isso a camada superior da atmosfera arrefece e colapsa para mais perto da superfície. O lixo espacial deixa de se decompor tão rapidamente como dantes, e vai-se acumulando na órbita da Terra.
O mínimo solar mais recente teve uma longa duração, cerca de 780 dias, durante 2008-2010, quando o mínimo típico solar dura cerca de 300 dias, tornando o último mínimo a mais longo desde 1913. Foi um longo período sem manchas solares e um campo magnético polar fraco.
Para estudar o problema, Muñoz Jaramillo, usou simulações de computador para modelar o comportamento do Sol em mais de 210 ciclos de atividade, abrangendo cerca de 2.000 anos. Ele observou o papel dos 'rios' que circulam no plasma, do equador do Sol para latitudes mais altas. Estas correntes fluem de um modo semelhante às correntes oceânicas da Terra.: sobem no equador, fluindo na superfície do Sol em direcção aos pólos, onde afundam e fluem de volta para o equador. A uma velocidade típica de 40 quilómetros por hora, demoram cerca de 11 anos para fazer o circuito completo.
Muñoz-Jaramillo e a equipa de cientistas descobriram que os 'rios' de plasma do Sol aceleram e desaceleram, como uma correia transportadora defeituosa. Eles acham que um fluxo mais rápido durante a primeira metade do ciclo solar, seguido por um fluxo mais lento na segunda metade do ciclo, pode levar a um mínimo solar prolongada. A causa da aceleração e desaceleração provavelmente envolve uma complicada relação entre o fluxo de plasma e os campos magnéticos solares.
Para Muñoz-Jaramillo, o abrandamento do fluxo aumentou a "distância" entre o fim do último ciclo solar e o princípio do novo ciclo, retardando o início do ciclo 24.
O objetivo final do estudo é conseguir prever os períodos de máximo e mínimo solar com precisão, o que os cientistas até hoje não conseguem fazer. A equipa de investigação limitou-se a simular o mínimo solar, por enquanto não podem prever o próximo mínimo, esperado em 2019.
Fonte: HARVARD-SMITHSONIAN CENTER FOR ASTROPHYSICS / NASA

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