segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Descobertos novos 50 exoplanetas pelo espectrógrafo HARPS

A ilusração mostra o planeta orbitando a estrela tipo-Sol HD 85512, na constelação sul de Vela (The Sail). O planeta é um dos dezesseis super-Terras descobertos pelo instrumento HARPS do telescópio de 3,6 metros do ESO, no Observatório de La Silla, Chile. Tem cerca de 3,6 vezes a massa da Terra e situa-se na borda da zona habitável em torno da estrela, onde a água líquida, e talvez até mesmo a vida, poderia existir - Crédito: ESO/M. Kornmesser

Uma equipa internacional de astrónomos, liderada por Michel Mayor da Universidade de Genebra, Suíça, anunciou hoje a descoberta de 50 novos exoplanetas, incluindo 16 super-Terras, uma das quais orbita no limite da zona habitável da sua estrela.
Os cientistas utilizaram o espectrógrafo HARPS, sigla de Projecto de Investigação Planetária de Velocidade Radial de Alta Precisão, o caçador de exoplanetas do Observatório de La Silla do Observatório Europeu do Sul (ESO), um consórcio de Astronomia de 15 países, onde Portugal está integrado, que tem no Chile três centros de observação. A equipa do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, da qual faz parte o astrónomo Nuno Cardoso Santos, também está integrada neste projecto do ESO.
Este é o maior número de planetas deste tipo anunciado de uma só vez.  As novas descobertas são anunciadas num congresso científico internacional sobre Sistemas Solares Extremos, que juntou 350 especialistas de exoplanetas no Wyoming, EUA.
“As descobertas obtidas pelo HARPS excederam todas as expectativas e inclui uma população excepcionalmente rica em planetas do tipo super-Terra e do tipo de Neptuno, que orbitam estrelas muito semelhantes ao nosso Sol. Mais ainda - os novos resultados mostram que a taxa de descobertas está a aumentar,” diz Mayor.
Planetas com massas entre uma e dez vezes a da Terra são chamados super-Terras. Não existem planetas deste tipo no nosso Sistema Solar, mas parecem ser muito comuns em torno de outras estrelas.
Nos últimos oito anos, o HARPS foi usado para descobrir mais de 150 novos planetas. Cerca de dois terços de todos os exoplanetas conhecidos com massas menores que Neptuno foram descobertos pelo HARPS.
Estudando as propriedades de todos os planetas HARPS encontrados até agora, a equipa descobriu que cerca de 40% das estrelas semelhantes ao Sol possuem pelo menos um planeta mais leve que Saturno. A maioria dos exoplanetas com massas da ordem de Neptuno ou menores parecem encontrar-se em sistemas que apresentam planetas múltiplos.
Um dos novos planetas recentemente anunciados, HD 85512 b, apresenta uma massa estimada de apenas 3.6 vezes a massa da Terra . O planeta situa-se no limite da zona habitável - uma zona estreita em torno de uma estrela na qual, se as condições forem as corretas, a água pode estar presente sob a forma líquida.

O recém-descoberto exoplaneta HD 85512 b encontra-se na borda da zona habitável da sua estrela, onde poderiam existir oceanos de água líquida, se a atmosfera do planeta tiver a cobertura de nuvens suficiente. O diagrama compara as distâncias dos planetas no Sistema Solar (linha superior) no novo sistema HD 85512 (meio) e no sistema de Gliese 581 (linha inferior), a partir das suas respectivas estrelas (à esquerda). A área azul representa a zona habitável. Este diagrama é baseado num diagrama original de Franck Selsis, Univ. de Bordeaux - Crédito: ESO

“Este é o planeta de menor massa, descoberto pelo método das velocidades radiais, que se encontra potencialmente na zona habitável da sua estrela, e o segundo planeta de menor massa descoberto pelo HARPS dentro da zona habitável,” acrescenta Lisa Kaltenegger (Instituto Max Planck para a Astronomia, Heidelberg, Alemanha e Harvard Smithsonian Center for Astrophysics, Boston, EUA), especialista em habitabilidade de exoplanetas.
O HARPS tem vindo a ser melhorado, permitindo medições cada vez mais precisas, e o instrumento não atingiu o limite de detecção com a descoberta do planeta HD 85512 b, o que mostra a possibilidade de descobrir outras super-Terras em regiões habitáveis situadas em torno de estrelas semelhantes ao Sol.
Com a ajuda de novos instrumentos mais poderosos, como o ESPRESSO” com mais capacidade para detectar exoplanetas e que está a ser construído por uma equipa internacional, os astrónomos esperam descobrir outros pequenos planetas rochosos, potencialmente habitáveis, em torno de estrelas semelhantes ao nosso Sol.
Fonte: ESO

2 comentários:

Ricardo Reis disse...

Só faltou destacar a participação do astrónomo Nuno Santos, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, nesta descoberta.

http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1990565

Recursos Educativos disse...

Tem razão, foi uma falta. Se os portugueses não destacarem os seus cientistas, quem o fará?