Novas medições do Observatório Espacial Herschel descobriram água quimicamente semelhante à da Terra no cometa Hartley 2. Os astrónomos já pensavam, anteriormente, que os impactos dos cometas gelados na Terra primitiva teriam depositado apenas cerca de 10 por cento da água dos nossos oceanos. As novas descobertas, no entanto, sugerem que os cometas tiveram um contributo muito maior - Crédito: NASA/JPL-Caltech
Astrónomos descobriram restos de água, do mesmo tipo da que forma os oceanos da Terra, no cometa 103P/Hartley 2, originado no Cinturão Kuiper. Esta descoberta pode ajudar a explicar como a superfície da Terra foi coberta por água.
Novas medições do Observatório Espacial Herschel mostram que o cometa Hartley 2, contém água quimicamente semelhante à dos oceanos da Terra.
"Os nossos resultados com o Herschel sugerem que os cometas poderiam ter desempenhado um papel importante trazendo grandes quantidades de água para uma Terra primitiva", disse Dariusz Lis, co-autor do artigo publicado online na revista Nature.
Os cientistas consideram que a Terra era quente e seca no início e que a água, essencial ao aparecimento da vida, foi trazida pelo impacto de asteróides e cometas. No entanto, Hartley 2 é o primeiro cometa do Cinturão de Kuiper onde se detecta água como a da Terra.
Quando um cometa se aproxima do Sol, forma-se uma atmosfera difusa, denominada coma e uma cauda, ambas causadas pelos efeitos da radiação solar sobre o seu núcleo.
Herschel detectou a presença de água vaporizada na coma de Hartley 2, cerca de metade da "água pesada" encontrada noutros cometas já analisados. Na água pesada, um dos dois átomos de hidrogénio normal foi substituído pelo seu isótopo pesado, conhecido como deutério. A relação entre a água pesada e a leve, ou água normal, em Hartley 2 é a mesma que na água na superfície da Terra.
Usando o Observatório Herschel, os astrónomos descobriram que o cometa Hartley 2 possui uma relação de "água pesada" para a água normal que corresponde ao que se encontra nos oceanos da Terra (observada nos gráficos). Na água pesada, um dos dois átomos de hidrogénio foi substituído pelo isótopo de hidrogénio pesado, o deutério. Hartley 2 contém metade da água pesadá encontrada noutros cometas analisados até ao momento. A imagem do cometa Harley 2 foi obtida pela missão EPOXI da NASA - Crédito: NASA/JPL-Caltech
Pensa-se que Hartley 2 é diferente dos outros cometas porque se originou numa região diferente do Sistema Solar. A quantidade de água pesada num cometa está relacionado com o ambiente onde ele se formou. Sabe-se que Hartley 2 vem do cinturão de Kuiper e os outros cinco cometas com índices de "água-pesada", também já analisados,têm origem numa região so Sistema Solar ainda mais afastada, a Nuvem de Oort.
Atendendo a que as proporções de "água pesada" são mais elevadas nos cometas da Nuvem de Oort, em comparação com os oceanos da Terra, os astrónomos concluiram, anteriormente, que os cometas eram responsáveis apenas por cerca de 10% do volume total de água na Terra. Os asteróides, principalmente da área entre Marte e Júpiter, são considerados os maiores distribuidores da água terrestre, durante os impactos com o nosso planeta. As novas descobertas do Herschel, no entanto, sugerem que os cometas tiveram um contributo muito maior para a água da Terra do que se pensava.
Na realidade, o Cinturão de Kuiper perdeu cerca de 97% da sua massa há cerca de 4 biliões de anos, num momento em que muitos cometas foram desviados e atingiram vários planetas rochosos. Na Lua criaram muitas das crateras que se podem ver hoje e na Terra podem ter ajudado a depositar a água suficiente e crucial para o início da vida que todos nós conhecemos.
Para Geoffrey Blake, co-autor do estudo e professor de Ciência Planetária e Química em Caltech, ""No início do Sistema Solar, cometas e asteróides deviam movimentar-se por todo o espaço, e parece que alguns deles atingiram o nosso planeta e originaram os nossos oceanos".
Fonte: NASA
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