Após uma grande refeição, os ácidos gordos na corrente sanguínea de cobras pítão-birmanesa (na imagem) estimulam o crescimento dos seus corações. - Fonte: wikipédia
Um novo estudo com cobras pitão-birmanesa, recentemente alimentadas, sugere que uma mistura de ácidos-gordos que circula no seu sangue, após as refeições, provoca o crescimento do coração, o que pode dar pistas para o tratamento de doenças cardíacas nos seres humanos.
A pitão-birmanesa, Python molurus, é nativa da Ásia e pode crescer mais que cinco metros. É capaz de ficar meses sem comer e depois ingerir grandes presas. Para corresponder à repentina chegada de açúcares, gorduras e proteínas, o metabolismo do seu corpo acelera quase 40 vezes, e muitos dos seus órgãos, incluindo o longo tubo digestivo, duplicam de tamanho. O coração da pitão também dilata cerca de 40%, provavelmente para bombear maior volume de sangue para todo o corpo.
Pitão engolindo um pequeno cervídeo (pode levar cerca de três horas) - Fonte: wikipédia
Cientistas da Universidade de Colorado, em Boulder, alimentaram periodicamente várias cobras pitão com grandes refeições de ratos mortos e ratazanas. Analisando o sangue dos animais, depois das refeições, descobriram que continha uma grande quantidade de ácidos gordos de três tipos, em proporções específicas, incluindo ácido mirístico, um ingrediente comum em muitas gorduras animais, e ácidos palmítico e palmitoleico, numa quantidade tal que seria prejudicial ao coração na maioria dos mamíferos.
Mas na pitão-birmanesa essas gorduras não se depositaram no coração devido à activação de uma enzima que protege o órgão cardíaco dos efeitos nocivos.
De acordo com o relatório publicado online na revista Science, é esta mistura de gorduras no sangue que promove o crescimento do coração das cobras pitão. Os pesquisadores também injectaram uma mistura da mesma variedade de ácidos em cobras em jejum e ratinhos. Em qualquer caso, os ácidos-gordos identificados no plasma do sangue das cobras pitão-birmanesa estimularam o crescimento saudável dos corações dos animais.
Nos humanos o coração também pode crescer de um modo saudável, como acontece aos ciclistas ou aos nadadores. No entanto exige muita actividade, é lento e o coração aumenta apenas cerca de dez por cento. O crescimento do coração no ser humano muitas vezes está associado a doenças, como a cardiomiopatia hipertrófica, que é uma das razões da morte súbita nos jovens.
No entanto, os cientistas ainda estão a tentar descobrir os mecanismos de funcionamento da mistura dos ácidos gordos, esperando que os resultados possam produzir novas formas de terapia das doenças cardíacas nos humanos.
Fonte: ÚltimoSegundo / Science / Público.pt
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