sexta-feira, 6 de maio de 2011

Existe um oceano interno de água em Titã?

Pesquisadores sugerem que algumas particularidades na rotação da maior lua de Saturno, Titã, podem constituir mais uma evidência de que ela tem um oceano subterrâneo.
Titã é o único planeta, além da Terra, que tem líquidos na sua superfície. Possui uma atmosfera espessa, rica em azoto, na qual existem milhares de diferentes tipos de moléculas orgânicas. A lua também tem um ciclo de tempo baseado em metano, com chuva de metano caindo em lagos de hidrocarbonetos líquidos.

A superfície de Titã tem lagos de hidrocarbonetos. Os cientistas acreditam que podem existir oceanos de água líquida e amónia abaixo da sua superfície - Crédito: NASA/JPL

Recentes descobertas também sugeriram que Titã possui um oceano interno, formado por água e amónia. Rastreando através da densa atmosfera de Titã com um radar, a sonda Cassini descobriu que ao longo do tempo, algumas estruturas proeminentes da superfície tinham-se deslocado mais de 30 Km da posição em que eram esperadas, mostrando que a crosta estava a mover-se, o que sugere que ela está sobre líquido.

Ilustração da estrutura interior de Titã. O interior frio não conseguiu separar-se em camadas diferenciadas de gelo e rocha. Além da superfície nebulosa de Titã (amarelo), as camadas seguintes mostram uma camada de gelo perto da superfície (cinzento claro), um oceano interno (azul), mais uma camada de gelo (cinzento claro) e a mistura de gelo e rocha no interior (cinzento escuro) - Crédito: NASA/JPL

A gravidade da Cassini e observações de radar de Titã descobriram mais pistas de que deve ter um oceano subterrâneo.
A órbita de Titã é semelhante à da nossa Lua, voltando sempre a mesma face para Saturno. No entanto, os pesquisadores notaram que o eixo de rotação de Titã estava inclinado cerca de 0,3 graus, o que parece um valor alto dada a estimativa do momento de inércia da lua.
Uma possível explicação seria porque Titã é um corpo sólido mais denso próximo da superfície do que no centro. De acordo com a investigadora Rose-Marie Baland, cientista do Observatório Real da Bélgica, em Bruxelas, "Isso está em contradição com tudo o que sabemos sobre os outros planetas e satélites e processos de formação planetária".
Outra explicação mais provável é que Titã não é um corpo todo sólido, mas tem uma camada de gelo que cobre um oceano de água líquida, um manto de gelo e um núcleo de gelo e rocha. Os modelos da equipa de investigação apontam uma ampla gama de espessuras para o oceano líquido, em qualquer lugar, de 5 a 425 km, bem como para a camada de gelo, em qualquer lugar, de 150 a 200 km.
Para Rose-Marie Baland, "A nossa análise reforça a possibilidade de que Titã tem um oceano subterrâneo, mas não prova isso, sem dúvida". "Assim, ainda há trabalho a fazer."
A investigação será publicada na revista Astronomy & Astrophysics.
Fonte: Astrobiology Magazine

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