Imagens de Saturno, em radiação infravermelho térmica do instrumento VISIR no telescópio terrestre da ESO (centro e direita) e, em luz visível, do astrónomo amador Trevor Barry (Broken Hill, Australia), obtidas em 19 de Janeiro de 2011, durante a tempestade no hemisfério norte. A imagem central revela as estruturas na baixa atmosfera de Saturno, mostrando as nuvens agitadas da tempestade e o vórtice central mais frio. A imagem da direita é sensível a altitudes muito maiores da estratosfera de Saturno, normalmente pacífica, onde se notam as áreas brilhantes ("beacons" ou faróis) nos flancos da região central fria sobre a tempestade. - Crédito: ESO / Univ. de Oxford / T. Barry
A nave Cassini detectou uma grande perturbação em Dezembro de 2010 e que também foi seguida por astrónomos amadores. Expandiu-se rapidamente e o seu núcleo desenvolveu uma poderosa e gigante tempestade que produziu um vórtice escuro de 5.000 Km de largura na atmosfera turbulenta, possivelmente semelhante à Grande Mancha Vermelha de Júpiter.
Os jactos profundos de gás perturbaram áreas da alta estratosfera de Saturno, normalmente estável, gerando regiões de "ar" quente que brilhavam como "beacons" brilhantes (faróis estratosféricos, segundo ESO).
A tempestade pode ter tido origem nas profundezas das nuvens, onde um fenómeno próximo de uma trovoada originou a criação de um jacto de convecção gigante e esta massa de gás deslocou-se para cima, introduzindo-se na atmosfera superior de Saturno, normalmente serena. Estas enormes perturbações interagem com os ventos, em circulação para este e oeste, e causam variações dramáticas na temperatura das zonas superiores da atmosfera.
Estes faróis correspondem a mudanças de temperatura muito grandes no cimo da estratosfera de Saturno, 250-300 km por cima dos topos das nuvens da atmosfera inferior. Estes fenómenos mostram claramente até que altura na atmosfera se propagam os efeitos da tempestade. A temperatura na estratosfera de Saturno é normalmente cerca de -130 graus Celsius durante esta estação, mas nestes faróis as temperaturas são 15 a 20 graus Celsius mais elevadas.
Os faróis são completamente invisíveis na radiação solar reflectida, no entanto em radiação infravermelha térmica, brilham mais intensamente do que o resto do planeta. Nunca tinham sido detectados anteriormente, por isso os astrónomos não sabem se são fenómenos comuns neste tipo de tempestades.
De acordo com Glenn Orton, membro da equipa de investigação do Jet Propulsion Laboratory, Pasadena, Estados Unidos da América, "As nossas novas observações mostram que a tempestade teve um efeito enorme na atmosfera, transportando energia e material ao longo de enormes distâncias, modificando os ventos atmosféricos - criando correntes de matéria ejectada e turbilhões gigantes - e perturbando a lenta evolução sazonal de Saturno”.
Os resultados deste estudo, efectuado por uma equipa internacional de astrónomos, aparecem publicados esta semana na revista Science.
Fonte: NASA / ESO
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