A imagem ilustra como as partículas de água carregadas fluem na atmosfera de Saturno a partir dos anéis do planeta, causando uma redução no brilho atmosférico (faixas sombreadas). As observações foram feitas com o W.M. Observatório Keck, em Mauna Kea, Havaí - Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute/University of Leicester
Chove em Saturno e, aparentemente, os anéis do planeta gigante são os culpados, dizem os cientistas num estudo da NASA e da Universidade de Leicester, na Inglaterra.
O novo estudo sugere que minúsculas partículas de gelo que compõem os anéis gelados de Saturno formam a água da chuva que cai sobre certas partes do planeta, influenciando a composição e a estrutura da temperatura de certas partes da atmosfera superior de Saturno.
Essas gotículas criam uma espécie de chuva no planeta (a chuva de anéis), causando uma redução no brilho atmosférico nos locais onde caem.
"Saturno é o primeiro planeta a mostrar uma interacção significativa entre sua atmosfera e sistema de anéis", disse James O'Donoghue, principal autor do estudo publicado na revista Nature. "O principal efeito da chuva de anéis é que age 'apagando' a ionosfera de Saturno. Por outras palavras, esta chuva reduz severamente a densidade de electrões nas regiões em que cai."
Para os cientistas, este estudo poderá ajudar a entender melhor a origem e a evolução do sistema de anéis de Saturno e as mudanças na atmosfera do planeta.
O efeito da chuva de anéis ocorre na ionosfera de Saturno, onde se produzem partículas carregadas quando a atmosfera neutra é exposta a um fluxo de partículas energéticas ou radiação solar.
Ao rastrear o padrão de emissões de um íão de hidrogénio especial, com três protões (hidrogénio triatómico), os cientistas esperavam ver um brilho uniforme infravermelho à escala planetária. Em vez disso, eles observaram uma série de faixas claras e escuras - com áreas de emissão reduzida correspondentes a porções dos anéis de Saturno com densidade de água, e a áreas de alta emissão correspondentes a falhas nos anéis.
Saturno e algumas das suas luas (Titã no canto inferior esquerdo), imagem captada pela sonda Cassini em 23 de Julho de 2008, a cerca de 1,1 milhões de quilómetros - Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute
Os investigadores suspeitaram que as partículas de água carregadas dos anéis do planeta estavam a ser atraídas para o planeta, ao longo das linhas de campo magnético de Saturno e foram neutralizar os iões brilhantes de hidrogénio triatómico. Isso deixa grandes "faixas sombreadas" no que, de outro modo, seria um planeta todo brilhante em infravermelho.
De acordo com a investigação, estas sombras cobrem entre 30 a 43 por cento da superfície da atmosfera superior de Saturno, desde 25 a 55 graus de latitude, uma área significativamente maior do que já tinha sido sugerido por imagens da missão Voyager da NASA.
Tanto a Terra como Júpiter têm uma região equatorial que brilha de modo uniforme. Pelo contrário, Saturno, apresenta diferenças significativas em diferentes latitudes. "Onde Júpiter brilha uniformemente nas suas regiões equatoriais, Saturno tem faixas escuras onde a água está a cair, escurecendo a ionosfera", disse Tom Stallard, co-autor do estudo em Leicester.
Fonte: NASA
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