Companhia australiana pretende reduzir a emissão de gases poluentes matando camelos

A companhia australiana Northwest Carbon propõe-se combater as emissões poluentes na Austrália, matando toda a população de camelos do país, cerca de 1,2 milhões de animais.

O camelo é um grande emissor de gases que contribuem para o efeito de estufa na Austrália - Fonte: wikipédia

Cada camelo emite cerca de 45 Kg de gás metano por ano, embora varie com a idade do camelo, tamanho e dieta. Isso equivale ao aquecimento provocado por cerca de 1,150 kg de dióxido de carbono libertado na atmosfera por ano por camelo, segundo o Painel Internacional para as Mudanças Climáticas (IPCC).
O camelo é um dos grandes emissores de gases de efeito de estufa na Austrália, mas também causa prejuízos anuais avultados nas propriedades, onde compete com o gado por comida e água. Em tempo seco, os camelos podem provocar problemas graves, quando se reunem em grande número em busca de água.
A companhia pretende utilizar helicópteros e carros para matar os animais, e depois processar a sua carne para elaborar alimentos para animais de quintas ou domésticos. A proposta está a ser avaliada pelo Governo de Camberra como parte do seu projecto para reduzir os gases poluentes no sector agrícola.
No entanto, a eliminação total da população selvagem é considerada por alguns impossível e já se pensa reduzi-la apenas em áreas críticas.
Os projectos para tentar controlar os camelos são variados, desde a vigilância aérea e por satélite, a sua exterminação ou captura e aproveitamento da carne para consumo humano ou animal. A iniciativa CamelScan permite à população comunicar a localização dos animais no Google Maps e analisar os seus movimentos e comportamentos, de acordo com a estação do ano.
Os camelos libertam metano, um gás de efeito estufa - que absorve e emite radiação do sol, aquecendo a Terra - e que é cerca de 21 vezes mais forte que o dióxido de carbono , embora permaneça na atmosfera menos tempo que o dióxido de carbono. O metano tem origem no seu sistema digestivo, onde eles digerem hidratos de carbono (carboidratos), como o amido, com a ajuda de microorganismos nos seus estômagos compostos.
Este tipo de digestão torna possível o processamento dos vegetais, mas liberta metano através de arrotos e flautulência. A mesma coisa acontece em outros animais que dependem de um processo digestivo semelhante, como as vacas e ovelhas.
Em comparação, as vacas libertam cerca de 100 kg de metano por ano, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA. A Austrália tem cerca de 20 milhões de bovinos de corte e, provavelmente, cerca de 1,6 milhões de vacas leiteiras. Matar os camelos não parece ser uma solução muito significativa na redução dos gases de efeito de estufa.
Os primeiros colonos introduziram os camelos na Austrália no século 19, pois são bons carregadores e adaptam-se bem à falta de água. Mas, o século XX trouxe os combois e os carros e os camelos perderam utilidade e foram libertados na natureza, onde não têm predadores naturais para controlar a sua população, que duplica a cada nove anos.
Fonte: ÚltimoSegundo / Live Science