Nave espacial Genesis recolheu amostras do vento solar, entre 2001 e 2004 e que foram entregues na Terra - Crédito: NASA / JPL-Caltech
Segundo Kevin McKeegan, um investigador de Genesis, da UCLA, e principal autor de um dos dois estudos publicados na revista Science, a Terra, a Lua, Marte e outros meteoritos - amostras de asteróides - têm uma menor concentração de O-16 (oxigénio 16), implicando que não se formaram a partir dos mesmos materiais da nebulosa solar que originou o Sol, embora por razões ainda desconhecidas.
O ar na Terra tem três tipos diferentes de átomos de oxigénio, são isótopos caracterizados por diferentes números de neutrõs (O-16, O-17 e O-18). No Sistema Solar quase todos os átomos de oxigénio têm O-16, mas também existem pequenas quantidades com os restantes isótopos.
Nas amostras recolhidas na missão Génesis, os investigadores descobriram que a percentagem de O-16 no Sol é ligeiramente maior do que na Terra ou outros planetas terrestres, e ligeiramente inferior para os restantes isótopos.
Também foi encontrada outra diferença para o azoto do Sol e dos planetas. Quase 100 por centro dos átomos de azoto do Sistema Solar têm o isótopo N-14, mas também existe uma pequena quantidade com o isótopo N-15. Nas mesmas amostras, os investigadores descobriram que o Sol e Júpiter têm um pouco mais de N-14 que a Terra, mas 40% menos de N-15. Estes dois astros parecem ter a mesma composição de azoto. Tal como para o oxigénio, a Terra e os planetas interiores do Sistema Solar têm diferentes composições para o azoto.
"Estes resultados mostram que todos os objectos do sistema solar, incluindo os planetas terrestres, meteoritos e cometas são irregulares em comparação com a composição inicial da nebulosa da qual se formou o sistema solar", disse Bernard Marty, um investigador da missão Génesis, do Centro de Recherches e Pétrographiques Géochimiques e principal autor do outro novo artigo publicado na Science. "Entender a causa de tal heterogeneidade terá impacto na nossa opinião sobre a formação do sistema solar."
Cápsula de retorno das amostras de vento solar colhidas pela sonda Genesis. Por não ter aberto o pára-quedas, acabou por fazer uma aterragem violenta na Terra, em 8 de Setembro de 2004. No laboratório, foi possível isolar as amostras - Crédito: wikipédia
Os resultados foram obtidos a partir da análise do vento solar, ou material ejectado da porção externa do Sol, recolhido pela sonda Genesis. Este material pode ser considerado como um fóssil da nebulosa solar, pois há evidências científicas que sugerem que a camada mais externa do Sol não sofreu uma mudança sensível nestes últimos biliões de anos. O Sol contém mais de 99% de todo o material do Sistema Solar.
A sonda Genesis foi lançada em Agosto de 2000, tendo recolhido partículas do vento solar, entre 2001 e 2004. Foi a primeira a retornar amostras do espaço, para além da Lua.
Fonte: NASA/Genesis
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