Num novo relatório, eles alertam que os oceanos, submetidos à acção conjunta dos problemas provocados pelo homem, correm "alto risco de entrar numa fase de extinção de espécies marinhas sem precedentes na história humana".
Os oceanos estão em declínio chocante - Fonte: wikipédia
O painel reuniu 27 especialistas de seis países, que se reuniram em Abril na Universidade de Oxford, com a organização do Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos (IPSO), conjuntamente com a União Mundial para a Conservação (UICN) e a Comissão Mundial das Áreas Protegidas (CMAP).
O relatório faz a síntese dos trabalhos e mostra que os oceanos estão a entrar en declínio, como resultado das pressões exercídas, nomeadamente, pela alterações climáticas, acidificação, poluição e pesca excessiva, e os seus impactos já estão a afectar a humanidade.
A exploração pesqueira contribui para o desaparecimento das populações marinhas - Fonte: wikipédia
Para Alex Rogers, director científico da IPSO e professor de biologia da conservação na Universidade de Oxford, "os resultados são chocantes".
"Considerando o efeito cumulativo daquilo que a humanidade fez aos oceanos, apercebemo-nos de que as consequências são muito mais graves do que aquilo que cada um de nós, separadamente, pensava”, comentou ainda Alex Rogers.
O painel de cientistas concluiu que “a combinação das pressões exercidas criou condições que se encontram em cada uma das anteriores extinções em massa de espécies na Terra”.
Os cientistas salientaram que alguns sinais como o sobre-aquecimento dos oceanos e a sua acidificação, que reduz os níveis de oxigénio na água, também surgiram em cada uma das cinco extinções em massa da história da Terra, provocadas por causas naturais, que fizéram desaparecer mais de 50% das espécies existentes.
Os níveis de dióxido de carbono que estão a ser absorvidos pelos oceanos já são muito maiores do que durante a grande extinção de espécies marinhas, há 55 milhões de anos, quando cerca de 50% de alguns grupos de animais de águas profundas foram exterminados.
Poluição e sobre-exploração pesqueira contribuem, ainda mais, para a redução das populações marinhas. Num sentido mais amplo, a acidificação dos oceanos, o aquecimento, a poluição local e a pesca predatória estão a agir em conjunto para aumentar a ameaça sobre os recifes de coral - três quartos dos recifes do mundo estão em risco de desaparecer.
Os recifes de coral estão sujeitos a várias pressões simultâneas que os podem destruir em pouco tempo - Fonte: wikipédia
"O que estamos vendo no momento não tem precedentes no registo fóssil - as mudanças ambientais são muito mais rápidas", disse o professor Rogers à BBC News.
"Nós ainda temos a maioria da biodiversidade do mundo, mas a taxa real de extinção é muito maior (do que em eventos passados) - e o que nós enfrentamos é certamente um evento significativo de extinção a nível mundial".
As conclusões deste relatório serão apresentadas na sede da ONU, em Nova Iorque, ainda esta semana, quando os representantes governamentais começarem a discutir a reforma da governância dos oceanos.
O Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos apresentou algumas recomendações imediatas, no sentido da conservação da vida dos oceanos, tais como:
- parar a pesca de exploração, sobretudo no alto-mar onde não há regulamentação eficaz;
- reduzir a entrada de poluentes, incluindo plásticos, fertilizantes agrícolas e dejectos humanos
- reduzir drásticamente as emissões de gases de efeito de estufa.
Para Dan Laffoley, da Comissão Mundial de Áreas Protegidas e conselheiro da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), "o tempo para proteger o coração azul do nosso planeta é agora".
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