quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Telescópio APEX observa nuvens escuras na constelação de Touro

A imagem mostra parte da nuvem molecular do Touro, na constelação do Touro, um filamento sinuoso de poeira cósmica, captada em comprimentos de onda cerca de um milímetro com a câmara LABOCA montada no telescópio APEX, revelando o brilho ténue dos grãos de poeira, em tons laranja. A imagem está sobreposta a outra da mesma região no óptico, num campo de fundo rico em estrelas. A estrela brilhante por cima do filamento é a φ Tauri, enquanto que a que se encontra parcialmente visível no lado esquerdo da imagem é a HD 27482. Ambas as estrelas estão mais próximas de nós que o filamento e não se encontram associadas a ele - Crédito:  ESO/APEX (MPIfR/ESO/OSO)/A. Hacar et al./Digitized Sky Survey 2. Acknowledgment: Davide De Martin.

A nova imagem do telescópio APEX, situado no Chile, mostra parte da nuvem molecular do Touro, na constelação do Touro, um filamento sinuoso de poeira cósmica com mais de dez anos-luz de comprimento. No seu interior estão escondidas estrelas acabadas de nascer e nuvens densas de gás que irão formar ainda mais estrelas.
A nuvem molecular do Touro, situa-se a cerca de 450 anos-luz de distância e é uma das regiões de formação estelar mais próximas de nós. Observada em luz visível, a nuvem aparece escura e sem estrelas. Sendo constituída por gás interestelar e pequeníssimos grãos de poeira, estes absorvem a radiação visível, impedindo de observar o rico campo estelar por trás das nuvens.

As duas imagens mostram a mesma parte da nuvem molecular de Touro, a cerca de 450 anos-luz da Terra. À esquerda, as nuvens de grãos de poeira cósmica aparecem escuras quando observadas com luz visível, mas brilham quando observadas com luz de comprimentos de onda perto de um milímetro (imagem à direita), através da câmera LABOCA no telescópio APEX - Crédito: ESO/APEX (MPIfR/ESO/OSO)/A. Hacar et al./Digitized Sky Survey 2. Acknowledgment: Davide De Martin.

No entanto, os grãos de poeira emitem eles próprios um brilho fraco mas, como são extremamente frios, com temperaturas de cerca de - 260º Celsius, a sua radiação só pode ser observada em comprimentos de onda cerca de um milímetro, tal como se obteve na imagem do telescópio APEX, que mostra o brilho ténue dos grãos de poeira, em tons de laranja, sobrepostos a uma imagem da região no óptico.
Estas nuvens de gás e poeira são locais de nascimento de estrelas. Quando colapsam sob a sua própria gravidade, fragmentam-se em nós. Dentro destes nós podem formar-se núcleos densos, onde o hidrogénio gasoso se torna suficientemente denso e quente para que se iniciem reacções de fusão, nascendo uma nova estrela. O nascimento da estrela encontra-se, por isso, rodeado por um casulo de poeira denso, que impede a observação nos comprimentos de onda do visível e as nuvens são escuras. São essenciais observações a maiores comprimentos de onda, tais como o milímetro do APEX, para o estudo dos primeiros estádios de formação estelar.
As observações mostram que a parte inferior deste filamento de poeira, conhecida por Barnard 213, já se fragmentou e formou casulos densos - apresenta nós brilhantes de gás iluminado - e a formação estelar já ocorreu. No entanto, a parte superior, a Barnard 211, encontra-se num estádio mais inicial da sua evolução; o colapso e fragmentação ainda estão a ocorrer e irão dar origem a formação estelar no futuro.
Por isso esta região é um bom local para estudar como as nuvens moleculares escuras são tão importantes no ciclo de vida das estrelas.
Fonte: ESO

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