sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Sapo-parteiro está a desaparecer do cimo da Serra da Estrela

O fungo Batrachochytrium dendrobatidis está a reduzir a população de sapos-parteiros (Alytes obstetricans) que vive na Serra da Estrela, acima dos 1200 metros - Crédito: wikipédia

Em Portugal, o sapo-parteiro-comum, de nome científico Alytes obstetricans, existe na Região Centro e Norte de Portugal. Enquanto adulto, vive longe da água e escondido nas rochas. Na Serra da Estrela, a espécie reproduz-se a partir da Primavera. São os machos que transportam os ovos - daí o nome de sapo-parteiro - até os girinos estarem prestes a sair, altura em que os libertam para a água.
No entanto, nos últimos anos este sapo está a desaparecer da maioria dos locais onde habitava, a altitudes acima dos 1200 metros, devido a um fungo que causa a doença - quitridiomicose - que é responsável pelo declínio de muitas espécies de anfíbios em todo o mundo.
Num estudo agora publicado na revista Animal Conservation, uma equipa internacional de cientistas, entre os quais o português Gonçalo M. Rosa, avaliou o impacto desta infecção na Serra da Estrela, tendo concluído que houve uma diminuição de 67% de sapos-parteiros acima dos 1200 metros de altitude. A altitudes mais baixas, o fungo está presente, mas não existe tanta mortalidade. É a primeira vez que se documenta o declínio de uma espécie de anfíbio devido a esta doença, em Portugal.
A quitridiomicose é causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis. Não se sabe ao certo qual a sua origem, pensa-se que veio da África e ter-se-à espalhado por todos os continentes. Desde o início da década de 1990, na Austrália, o fungo já infectou mais de 508 espécies, ameaçando de extinção 30% dos anfíbios e acelerando o declínio geral deste grupo de vertebrados, já ameaçados pela redução do habitat e a poluição.
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