domingo, 23 de setembro de 2012

Grande rã das Caraíbas come tarântulas e serpentes

Rã galinha-da-montanha (Leptodactylus fallax), uma das maiores espécies de rãs do mundo - Crédito: wikipédia

Um grupo de investigadores, entre eles um biólogo português, surpreendeu uma das maiores rãs do mundo, a galinha-da-montanha, a comer tarântulas e serpentes.
Gonçalo M. Rosa, do Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e outros investigadores trabalhavam na ilha de Montserrat, no mar das Caraíbas, quando observaram rãs galinhas-da-montanha (Leptodactylus fallax) a comer tarântulas-de-montserrat (Cyrtopholis femoralis), em 2009.
Supõe-se que as tarântulas e as serpentes estão entre os maiores predadores das rãs na natureza. Mas os pesquisadores verificaram que o contrário também pode acontecer. A rã é o primeiro predador confirmado da tarântula-de-montserrat, uma espécie endémica da ilha de Montserrat.
A rã galinha-da-montanha tem hábitos nocturnos, passando o dia escondida. Alimenta-se sobretudo de pequenos grilos e aranhas que encontra no chão da floresta. Agora, sabe-se que também não rejeita as tarântulas, quando as encontra. E não é tudo.
Em 2011, já na ilha de Dominica, investigadores encontraram restos de serpente-de-julia (Liophis juliae) nas fezes da mesma espécie de rã.
A descoberta foi feita durante uma expedição coordenada pelo Zoo de Jersey, para tentar travar a progressão do fungo Batrachochytrium dendrobatidis, que ameaça a rã galinha-da-montanha.
Apesar de se revelar um bom predador, a galinha-da-montanha está classificada como Criticamente Ameaçada pela União Mundial de Conservação da Natureza (UICN). Inicialmente, a rã existia em pelo menos seis ilhas das Caraíbas, mas actualmente só é vista nas ilhas Montserrat e Dominica. Localmente, é chamada assim pelas grandes dimensões que atinge e o seu sabor a galinha, quando é cozinhada.
Segundo os autores do artigo científico publicado esta semana na revista Tropical Zoology, o declínio deste anfíbio deve-se à perda de habitat, caça excessiva para consumo e invasão de espécies exóticas, nomeadamente o fungo Batrachochytrium dendrobatidis. A população da Dominica foi quase totalmente eliminada pelo fungo, que também afectou bastante a de Montserrat, mais tarde.
Em Fevereiro de 2010, a actividade do vulcão Soufrière Hills, na ilha de Montserrat, cobriu de cinzas grande parte do habitat da rã naquela ilha, colocando a espécie ainda em maior perigo.
Para os investigadores, as observações sobre a galinha-da-montanha ajudam a conhecer melhor a biologia e ecologia da espécie, e são um contributo para a sua conservação, nomeadamente em relação à reprodução em cativeiro.
Fonte: Publico.pt

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