segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A maioria dos recifes de coral está em risco, a não ser que haja uma redução drástica de emissão de gases de efeito de estufa

O aquecimento global põe em perigo os recifes de coral. Para conseguir proteger pelo menos metade dos recifes de coral em todo o mundo, o aumento de temperatura média deve ser inferior a 1,5 graus Celsius - Crédito: wikipédia

Pensa-se que o aumento de 2 graus centígrados no aquecimento global do planeta é seguro para a maioria dos sistemas naturais e artificiais. No entanto, mesmo esse valor pode ter consequências graves para os recifes de coral, pois temperaturas mais elevadas da superfície do mar podem desencadear branqueamentos em massa dos corais cada vez mais frequentes e intensos.
Segundo um novo estudo publicado em 'Nature Climate Change', só uma redução drástica das emissões de gases de efeito de estufa poderá salvar dois terços dos recifes de coral, admitindo que os corais possam adaptar-se rapidamente às novas temperaturas. Se não for assim, todos os recifes de coral ficarão gravemente degradados.
Os recifes de coral são o habitat de quase um quarto das espécies marinhas. Além disso, fornecem serviços essenciais - incluindo a protecção costeira, turismo e pesca -para milhões de pessoas em todo o mundo. O aquecimento global e a acidificação dos oceanos, causados pelas emissões humanas de CO2, representam uma grande ameaça para esses ecossistemas.
De acordo com os investigadores, nas actuais condições de sensibilidade térmica, os recifes de coral podem deixar de ser importantes ecossistemas costeiros se a temperatura média global ultrapassar os dois graus Celsius acima do valor pré-industrial. "Cerca de 70% dos corais poderão sofrer de degradação em 2030, mesmo num cenário de mitigação ambiciosa". Assim, para conseguir proteger pelo menos metade dos recifes de coral em todo o mundo, o aumento de temperatura média deve ser inferior a 1,5 graus Celsius.
A investigação foi o primeiro estudo mundial abrangente sobre o branqueamento dos corais a apresentar os resultados em termos da alteração das temperaturas médias globais.
Os especialistas projectaram o stress causado pelo calor acumulado em 2160 comunidades de recifes de todo o mundo, usando um conjunto de 19 modelos climáticos globais. Aplicando diferentes cenários de emissão, simularam um total de mais de 32.000 anos.
Os corais obtêm a maior parte da sua energia, assim como a cor, a partir da sua relação simbiótica com um tipo especial de microalgas. Esta simbiose vital pode romper-se por stress das algas causado pela maior temperatura da água, e como consequência o coral branqueia.

Recife de corais Moofushi (Maldivas) branqueado, danificado por temperaturas mais elevadas devido ao fenómeno climático El Niño de 1998. Praticamente oito anos depois, ainda é visível coral morto - Crédito: wikipédia

Embora os corais possam sobreviver a isto, se o stress pelo calor persiste o tempo suficiente, os corais podem morrer em massa, como já aconteceu em 1998, quando se perderam 16% do total dos corais num único período prolongado de calor em todo o mundo.
Relativamente à possibilidade de adaptação ou aclimatação dos corais ao stress térmico, Ove Hoegh-Guldberg, biólogo marinho da Universidade de Queensland e co-autor do estudo, afirmou que "não é fácil para os corais evoluir rapidamente. Como possuem ciclos de vida longos e baixa diversidade - pois podem reproduzir-se por clonação - os corais não são como as moscas da fruta, que pode evoluir muito mais rapidamente".
Fonte: Science Daily

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