As atmosferas da Terra e Titã compartilham a origem: um bombardeamento de asteróides e cometas marcou a sua evolução - Crédito (Terra): wikipédia; Crédito (Titã): NASA / JPL / Space Science Institute
Segundo Josep Maria Trigo, do Instituto de Ciências do Espaço (CSIC-IEEC) e Francisco Javier Martín, do Centro de Astrobiologia (CSIC-INTA), autores do estudo publicado na revista 'Planetary & Space Science', este grande bombardeamento tardio, cerca de 600 milhões de anos depois do início da formação do Sistema Solar, começou quando Júpiter e Saturno migraram para as suas actuais órbitas, o que afectou outros corpos celestes, fazendo com que uma grande quantidade de asteróides e cometas com água e matéria orgânica começaram a colidir com planetas rochosos, como a Terra.
De acordo com os cientistas, a Terra e Titã são semelhantes, embora se tenham formado muito longe um do outro. As suas atmosferas têm em comum a abundância de azoto molecular, deutério, hidrogénio, carbono, azoto e oxigénio, o que faz sugerir uma mesma fonte, devido aos efeitos de cometas e asteróides.
Os investigadores também realizaram um estudo termodinâmico das condições atmosféricas dos dois corpos planetários. Os resultados sugerem que a evolução química das duas atmosferas teria sido semelhante, marcada por vários impactos. Na Terra, esse último grande bombardeamento, foi fundamental para enriquecê-la com os ingredientes básicos para a aparição da vida.
Cometas e asteróides contribuiram para a origem da vida, no aporte de água e compostos orgânicos à Terra primitiva - Crédito: wikipédia
A maioria dos vales e grandes crateras da Lua foram provocados pelo impacto destes objectos enriquecedores nesse período, tal como indicam as rochas lunares recolhidas nas missões Apolo da NASA. Outras evidências do papel destes impactos são a composição da crosta terrestre e do manto, com uma abundância de metais. Se estes metais tivéssem chegado nas primeiras fases do planeta, teriam migrado para o núcleo terrestre. Além disso, os vulcões emanam gases com anomalias características dos meteoritos condríticos.
Os pesquisadores acreditam que o último grande bombardeamento foi a chave para mudar o destino da Terra, um planeta que, há 3.900 milhões de anos atrás não era apropriado para a vida.
"A chegada de tais compostos e de partículas metálicas catalizadoras capazes de sintetizar moléculas orgânicas mais complexas sob a acção do fluxo da radiação solar, permitiu converter o nosso planeta no único oásis de vida que, por enquanto, conhecemos", asseguram os autores do estudo.
Um vídeo sobre o estudo (clicar na imagem).
Fonte: Centro de Astrobiologia via El Mundo
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