segunda-feira, 11 de junho de 2012

Aves da Amazónia estão mais ameaçadas que nunca, revela a Lista Vermelha

Nem só as aves dos trópicos estão em perigo. Mais de um milhão de patos-de-cauda-longa (Clangula hyemalis) desapareceram do mar Báltico, ao longo dos últimos 20 anos, elevando o seu estatuto de risco para a categoria de “vulnerável” - Fonte: wikipédia

Cerca de 100 espécies de aves da Amazónia enfrentam um cada vez maior risco de extinção, de acordo com a última actualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas para as aves, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). A nova avaliação está baseada em modelos que têm em conta a extensão e o padrão de desflorestação da Amazónia.
A divulgação foi feita pela BirdLife International que manifesta a sua grande preocupação pelos perigos que correm muitas espécies de aves da Amazónia, situação que pode agravar-se ainda mais com o recente enfraquecimento da legislação florestal brasileira, segundo a organização. O código florestal brasileiro, recentemente aprovado, é bastante criticado pelos ambientalistas.
Nas estatísticas da BirdLife em 2012, estão identificadas 10.064 espécies de aves, das quais 130 já se encontram extintas e 1313 estão em risco de extinção.
É preocupante o que pode acontecer a algumas espécies como, por exemplo, o Chororó-do-rio-branco (Cercomacra carbonaria) que pode ser afectado mesmo por desflorestação moderada. Algumas espécies passaram para um estatuto mais alto de ameaça - “criticamente em perigo”, como o Hoary-throated Spinetail (Synallaxis kollari) que poderá perder cerca de 80% do seu habitat nas próximas décadas.
No entanto, esta actualização mostra notícias preocupantes não apenas dos trópicos, mas também no Norte da Europa, onde mais de um milhão de patos-de-cauda-longa (Clangula hyemalis) desapareceram do mar Báltico, ao longo dos últimos 20 anos, elevando o seu estatuto de risco para a categoria de “vulnerável”. Outro pato marinho, o Velvet Scoter (Melanitta fusca), encontra-se em pior situação e foi listado como "Ameaçado".
Pato marinho Velvet Scoter (Melanitta fusca) tem o estatuto de conservação de "Ameaçado" - Fonte: wikipédia

"Esses números são assustadores. Temos certeza de que as aves não se moveram para outro local, sendo que os números representam uma quebra real da população. A natureza generalizada do declínio aponta para que esteja provavelmente relacionado com alterações ambientais em grande parte do Árctico e regiões sub-árcticas onde esta espécie nidifica", diz Andy Symes, Director do Programa Global de Espécies da BirdLife.
Na África, os abutres White-backed (Gyps africanus) e Rueppell (Gyps rueppellii), estão a diminuir rapidamente devido à perseguição, envenenamento e perda de habitat. Ambas as espécies foram reclassificados como estando "Em Perigo". O declínio das populações de abutres pode ter impactos ambientais muito maiores, pois eles desempenham um papel fundamental nas teias alimentares, alimentando-se de animais mortos.

O abutre africano White-backed (Gyps africanus) foi reclassificado como "Em perigo" - Fonte: wikipédia

A nova actualização também trouxe alguns exemplos de sucesso. Nas Ilhas Cook, no Pacífico, uma das aves mais raras do mundo, a espécie Pomarea dimidiata, conseguiu recuperar aumentando dez vezes a sua população, embora seja de apenas 380 indivíduos.
"Tais sucessos mostram as recuperações notáveis que são possíveis quando o esforço e dedicação de ambientalistas e comunidades locais são apoiados por políticos e comunidades, com recursos adequados", diz Stuart Butchart, coordenador da BirdLife Global Research.
Em Portugal, o priolo (Pyrrhula murina), com habitat na floresta laurissilva do Nordeste da Ilha de S. Miguel, duplicou a sua população como resultado dos esforços de conservação liderados pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Por isso, na actualização de 2010, melhorou um pouco o seu estatuto de ameaça - de "criticamente em perigo" passou para “em perigo”.

O priolo (Pyrrhula murina) está a recuperar, em S. Miguel-Açores - Fonte: wikipédia

No entanto, não aconteceu o mesmo com a pardela-do-mediterrâneo (Puffinus mauretanicus). Esta espécie encontra-se listada no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal com o estatuto de "Criticamente em Perigo".
Mais informações em BirdLife International e Publico.pt (em português)

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