quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Para salvar baleias, o melhor é colocar-lhes um preço e pô-las à venda, dizem cientistas

"Baleias não têm preço" (imagem wikipédia)

Perante o aumento da caça à baleia no mundo e a constante luta entre conservacionistas e baleeiros, os investigadores Christopher Costello e Steven Gaines, da Escola Bren de Ciência e Gestão Ambiental, da Universidade da Califórnia, e a bióloga conservacionista Leah Gerber, da Universidade do Arizona, propuseram um sistema de comércio de quotas de caça para tentar reduzir as capturas de baleias.
No artigo publicado no periódico científico Nature, os autores escrevem: “Propomos um caminho alternativo para este impasse: cotas que podem ser compradas e vendidas, criando um mercado que seja económico, ecológico e socialmente viável para os baleeiros e conservacionistas”. É uma proposta que tem gerado polémica, nomeadamente a nível das organizações conservacionistas.
Segundo os pesquisadores, apesar dos esforços de conservacionistas e da moratória criada em 1986, o número de baleias capturadas duplicou desde o começo dos anos 1990 e 2 mil baleias são abatidas todos os anos.
A caça à baleia gera 31 milhões de dólares por ano (24 milhões de euros) de receitas, nas contas apresentadas no artigo. Os seus autores ainda afirmam que organizações ambientais, como Greenpeace, Sea Sheperd e WWF, gastam por ano cerca de 25 milhões de dólares em campanhas e acções directas contra a caça à baleia, e sugerem que este montante poderia ser usado para a compra de cotas.
Mas para a bióloga do Greenpeace, Leandra Gonçalves, a proposta apresentada no periódico científico não faz sentido nenhum. “Não faz sentido, não é este o papel das organizações ambientais. A biodiversidade precisa ser preservada, não pelo valor de mercado, mas pelo valor que ela tem na natureza”, disse.
De acordo com a proposta do mercado de baleias, conservacionistas poderiam vender cotas e os baleeiros poderiam lucrar com elas.
“Enquanto a caça das baleias gera 30 milhões de dólares por ano, o turismo de observação movimenta 2 biliões de dólares por ano. É nisso que se precisa pensar”, afirmou a activista do Greenpeace.
Para o biólogo Jorge Palmeirim, que tem representado Portugal nas reuniões da CBI (Comissão Baleeira Internacional) nos últimos anos, esta proposta trabalha sobre pressupostos errados, pois o declínio na população dos grandes cetáceos tem raízes na caça comercial até à moratória, com dezenas de milhares de animais abatidos por ano e cujos efeitos perduram até hoje.
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