O telescópio APEX do ESO revela que galáxias distantes do Universo primordial apresentam formação estelar explosiva (muito intensa). Esta imagem mostra essas galáxias, encontradas numa região do céu conhecida como "Extended Chandra Deep Field South", na constelação de Fornax (The Furnace). As galáxias são vistas em vermelho pelo APEX, visão sobreposta a uma observação da região em infravermelho do Telescópio Espacial Spitzer - Crédito: ESO, APEX (MPIfR/ESO/OSO), A. Weiss et al., NASA Spitzer Science Center
Ao estudar como estão agrupadas algumas das galáxias distantes e que apresentam formação estelar explosiva no Universo primordial, uma equipa de astrónomos descobriu que elas eventualmente se tornaram em galáxias elípticas gigantes - as galáxias de maior massa no Universo de hoje. Segundo os cientistas, isso aconteceu porque a formação de novas estrelas parou repentinamente, deixando as galáxias com elevada massa, mas passivas, com estrelas a envelhecer no Universo actual. Os astrónomos pensam que surgiram buracos negros supermassivos, que são os responsáveis por esta súbita diminuição na formação de estrelas.
No seu estudo, utilizando o telescópio APEX do Observatório Espacial do Sul (ESO), os cientistas observaram algumas destas galáxias brilhantes e muito distantes para saber como se juntam para formar grupos e enxames. Para isso, mediram a massa dos halos de matéria escura - o material invisível que compõe a maior parte da massa da galáxia. Quanto mais compacto é o grupo ou enxame de galáxias, mais massa têm os seus halos de matéria escura.
Estas galáxias observadas são muito brilhantes no Universo distante, onde ocorre intensa formação estelar. Elas estão tão distantes que a sua luz demorou cerca de dez mil milhões de anos a chegar até nós, por isso são observadas tal como eram há cerca de dez mil milhões de anos atrás.
Ao medir as massas dos halos de matéria escura em torno das galáxias e utilizando simulações de computador para estudar como é que estes halos crescem com o tempo, os astrónomos descobriram que estas galáxias distantes, com formação explosiva de estrelas no cosmos primitivo, transformam-se eventualmente em galáxias elípticas gigantes - as galáxias mais massivas no Universo actual.
As novas observações também indicam que a formação estelar explosiva, nestas galáxias distantes, durou cerca de 100 milhões de anos, um tempo muito curto em termos cosmológicos, mas durante o qual a quantidade de estrelas nas galáxias duplicou.
Oa astrónomos explicam esta paragem na intensa formação de estrelas através dos quasars que também se encontram nos mesmos halos de matéria escura. Os quasars estão entre os objectos mais energéticos do Universo. São como faróis galácticos que emitem intensa radiação, alimentados por um buraco negro supermassivo situado nos seus centros.
Cada vez há mais evidências que sugerem que a formação estelar explosiva intensa alimenta também o quasar, onde enormes quantidades de matéria são sugadas pelo buraco negro. O quasar, por sua vez, emite enormes quantidades de energia que se pensa que limparão o restante gás da galáxia - a matéria prima necessária à formação de novas estrelas - travando assim de maneira eficaz a fase de formação estelar.
“Em poucas palavras, a intensa formação estelar dos dias de glória das galáxias acabou também por ser a sua perdição, ao alimentar os buracos negros nos seus centros, os quais rapidamente limpam ou destroem as nuvens de formação estelar,” explica David Alexander, da Universidade de Durham (RU) e membro da equipa de investigação.
Fonte: ESO
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