Ilustração com o astrónomo americano Edwin Hubble (1889-1953), à direita, e o sacerdote cosmólogo belga Georges Lemaître (1894-1966), à esquerda. Com base em novas provas, os dois cientistas devem partilhar o crédito pela descoberta, de forma independente, do universo em expansão, no final de 1920. Lemaître também propõs uma teoria para a origem do universo, que mais tarde seria chamada de "big bang". À esquerda está o telescópio Hooker, de 100 polegadas, no Monte Wilson, na Califórnia. O Telescópio Espacial Hubble está à direita - Crédito: NASA, ESA, and A. Feild (STScI)
Durante quase um século, Edwin P. Hubble foi considerado o autor da maior descoberta astronómica do século 20, informando que o universo está em expansão uniforme em todas as direcções. No entanto, parece que ele não foi o primeiro a fazer tal afirmação, e a confusão deve-se ao próprio descobridor original, o cosmógrafo Georges Lemaître, que omitiu algumas partes do seu trabalho. Esta é a conclusão a que chegou o astrofísico Mario Livio do Space Telescope Science Institute, num trabalho publicado, em 10 de Novembro de 2011, na revista Nature.
Hubble publicou as suas descobertas em que ele determinou a taxa de expansão do universo, em 1929. As análises de Hubble mostraram que, quanto mais longe estivéssem as galáxias, mais rápido elas pareciam estar a retroceder. A taxa de expansão cósmica é agora conhecida como constante de Hubble.
Mas dois anos antes, em 1927, um padre e cosmólogo belga Georges Lemaître, publicou conclusões muito semelhantes, calculando uma taxa de expansão do universo também semelhante ao que Hubble publicou dois anos depois.
Mas a descoberta de Lemaître passou despercebida porque foi publicada em francês, num jornal de ciência belga pouco conhecido, chamado de Annales de la Société Scientifique de Bruxelles (Anais da Sociedade Científica de Bruxelas).
Mais tarde, o trabalho de Lemaître foi traduzido para inglês e publicado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society. Na publicação em 1931, alguns dos cálculos feitos pelo próprio Lemaître, em 1927, sobre o que se chamaria, depois, constante de Hubble, foram omitidos.
A falta destes dados na tradução é conhecida desde 1984, e originou especulação entre os astrónomos, nomeadamente sobre uma possível influência de Edwin P. Hubble para garantir o mérito da descoberta.
Durante a sua investigação, o astrofísico Mario Livio acabou por encontrar correspondência do cosmólogo Lemaître para os editores da tradução em inglês, onde ele dizia para omitir as passagens relativas à taxa de expansão do universo.
Não se sabe a razão que levou Lemaître a eliminar, deste modo, as evidências de que tinha sido o primeiro descobridor (pelo menos provisoriamente) do universo em expansão.
Para o astrofísico Lívio, "a carta de Lemaître também dá uma visão interessante sobre a psicologia científica de alguns dos cientistas da década de 1920. Lemaître não foi nada obcecado por mostrar que foi o pioneiro. Dado que os resultados de Hubble já tinham sido publicados em 1929, ele não viu interesse em repetir as suas descobertas anteriores novamente em 1931".
Fonte: HubbleNews
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