30 jornalistas, quase todos japoneses, foram autorizados a visitar pela primeira vez o reactor nuclear de Fukushima, danificado pelo terramoto e tsunami de Março deste ano.
Equipados com máscaras, roupas de protecção e sem descer dos autocarros que os transportaram, os jornalistas atravessaram as cidades abandonadas na zona interdita de 20 quilómetros em redor da central. Constataram que o nível de radioactividade já era de 20 microsieverts por hora às portas da central. À medida que os veículos se aproximavam dos reactores, o nível subiu rapidamente para os 500 microsieverts por hora, junto aos reactores. A dose anual máxima imposta em tempos de normalidade na maioria dos países é de mil microsieverts.
Um jornalista contou que o edifício do reactor 3 era o mais danificado, rodeado de partes de camiões, barreiras metálicas retorcidas e reservatórios de água esventrados.
A 11 de Março, um tsunami provocado pelo sismo de magnitude 9, junto às costas do nordeste do Japão, submergiu a central, interrompendo os circuitos de arrefecimento e inundando os geradores de apoio.
O combustível armazenado em três dos seis reactores e na piscina de arrefecimento do reactor 4 começou a aquecer perigosamente, provocando explosões. Uma das grandes preocupações dos responsáveis, a empresa Tokyo Electric Power (Tepco), é fazer baixar e estabilizar a temperatura do combustvel nuclear. A Tepco espera conseguir manter o combustível abaixo dos 100ºC em Dezembro.
O ministro do Ambiente japonês, Goshi Hosono, encarregado da gestão do acidente em Fukushima, mostra-se confiante mas afirma que o desmantelamento de todas as instalações deverá demorar, pelo menos, 30 anos.
A Tepco explicou aos jornalistas que cerca de 3200 pessoas trabalham durante a semana na central, reduzindo para metade no fim-de-semana. Para o director da central, Masao Yoshida, a situação está controlada. “Os reactores estão estabilizados”, garantiu. Ainda assim, Yoshida reconheceu que "ainda é perigoso trabalhar aqui”.
O desastre de Fukushima foi um dos maiores acidentes nucleares desde a explosão de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Obrigou à transferência de milhares de habitantes para outras zonas, por causa da poluição do ar, solos e oceanos e das consequências a longo prazo na cadeia alimentar.
Fonte: ÚltimoSegundo / Publico.pt
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