quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A presença humana favoreceu o estabelecimento do abutre do Egipto nas Ilhas Canárias

As alterações ambientais provocadas pela intervenção humana desde sempre têm conduzido à extinção de muitas espécies. No entanto, por vezes verifica-se que essas modificações ambientais podem favorecer a expansão e a evolução de outras espécies. De acordo com investigadores espanhóis da Estação Biológica de Doñana, o abutre do Egipto (Neophron percnopterus ), das Ilhas Canárias, é uma dessas espécies que beneficiou com a presença humana nas ilhas.

Abutre do Egipto, espécie Em Perigo - Fonte: wikipédia

Os resultados da investigação, publicada na última edição da revista “BNC Evolutionary Biology” demonstram que a chegada dos seres humanos às Ilhas Canárias possibilitou o estabelecimento de abutres do Egipto e a sua subsequente explosão demográfica e diferenciação. O estabelecimento desta população teve lugar cerca de 2500 anos atrás, combinando com a data de colonização humana, o que é consistente com a falta de fósseis anteriores.
Os investigadores espanhóis da Estação Biológica de Doñana descobriram, ainda, que os abutres das ilhas são mais pesados e maiores que aqueles que vivem na Península Ibérica.
Vestígios arqueológicos das ilhas indicam que os primeiros colonizadores eram povos berberes, do norte da África, que trouxeram rebanhos de cabras. Esta nova fonte de alimento abundante pode ter permitido que os abutres pudessem colonizar, desenvolver-se e adaptar-se ao ambiente das ilhas.
Sobretudo em ecossistemas insulares, as invasões de espécies exóticas têm sido apontados como responsáveis pela perda populacional e extinção. Mas espécies exóticas também podem ser benéficas para algumas espécies nativas e constituir, por exemplo, novos e abundantes recursos alimentares.
A nível global o abutre do Egipto está classificado como espécie Em Perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Em Portugal também é considerada Em Perigo e é protegida. É uma espécie migradora estival, relativamente rara, e que nidifica nos vales alcantilados, nomeadamente na área do Parque Natural do Douro Internacional, onde esta espécie tem actualmente o seu maior núcleo de ocorrência, sendo mesmo o símbolo do parque.
Fontes: Público.pt / Estudo publicado

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