O mapa em cor falsa mostra a área dentro da cratera Gale, em Marte, onde o robô Curiosity pousou, em 5 de Agosto de 2012 PDT (6 Ago 2012 EDT) e o local onde o robô recolheu a sua primeira amostra, perfurando a rocha "John Klein", dentro da área da Baía de Yellowknife. Esta rocha encontra-se numa antiga rede de canais de fluxo, descendendo a partir da borda da cratera Gale, com depósitos de aluvião em forma de leque - Crédito: NASA/JPL-Caltech/ASU
A NASA anunciou hoje (12 de Março) que a análise de uma amostra de rocha recolhida pelo robô Curiosity mostrou que Marte poderia ter tido vida microbiana no seu passado.
Os cientistas identificaram enxofre, azoto, hidrogénio, oxigénio, fósforo e carbono - alguns dos ingredientes químicos essenciais para a vida - no pó que o robô retirou de uma rocha sedimentar perto de um antigo leito da Cratera Gale, no Planeta Vermelho.
A descoberta surge apenas sete meses depois da chegada do robô Curiosity a Marte e cuja missão principal de dois anos é, precisamente, determinar se o planeta já teve um ambiente favorável à vida no seu passado.
Em Fevereiro, o robô perfurou um afloramento rochoso, de nome John Klein, retirando do seu interior uma amostra de pó acinzentado que, depois, foi analisada por dois instrumentos científicos a bordo, Química e Mineralogia (CheMin) e análise de amostras em Marte, ou SAM.
Os resultados indicam que a área que o robô está a explorar, na Baía de Yellowknife, era o fim de um antigo sistema de canais, onde a água fluiu provavelmente há milhões de anos, ou o leito de um lago intermitente que podia ter fornecido energia química e outras condições favoráveis a micróbios.
A rocha contém minerais de argila e sulfatos, sugerindo um ambiente húmido há muito tempo atrás e que era neutro e não muito salgado, ao contrário de outros ambientes em Marte.
Estes minerais de argila resultam da reacção de água relativamente fresca com minerais ígneos, tais como olivina, também presente no sedimento. A reacção pode acontecer dentro do depósito sedimentar, durante o transporte dos sedimentos, ou na região de origem do sedimento.
Os cientistas ficaram surpreendidos ao encontrar uma mistura de produtos químicos oxidados, menos oxidados, e mesmo não oxidados, que mostram um gradiente de energia do tipo que muitos micróbios da Terra exploram para viver. Esta oxidação parcial foi sugerida pela cor cinza, em vez de vermelho, do pó retirado da rocha perfurada.
As imagens mostram os resultados da ferramenta para desgastar rocha de Marte do robô Opportunity da NASA (à esquerda) e da broca do robô Curiosity (à direita). As partículas de rocha do Opportunity são vermelho acastanhadas, indicando a presença de hematite, um mineral de ferro fortemente oxidado, pouco favorável à habitabilidade e que também pode degradar compostos orgânicos. À direita, a rocha pulverizada pelo Curiosity apresenta uma cor cinzenta, sugerindo a presença de ferro, que está menos oxidado e pode ser mais compatível com a habitabilidade e a preservação de produtos orgânicos - Crédito: NASA/JPL-Caltech/Cornell/MSSS
"A variedade de ingredientes químicos que identificamos na amostra é impressionante, e sugere pares tais como sulfatos e sulfuretos que indicam uma possível fonte de energia química para os microorganismos", disse Paul Mahaffy, investigador principal dos instrumentos SAM, no Goddard Space Flight Center, da NASA, em Greenbelt, Maryland. Uma nova amostra de material perfurado será analisada para confirmar os resultados.
O robô Curiosity vai continuar a trabalhar na Baía de Yellowknife, mais algumas semanas, antes de dirigir-se para o seu objectivo principal, uns depósitos rochosos na base do Monte Sharp, no centro da Cratera Gale, e onde foram identificados minerais de argila e sulfatos a partir de órbita. A investigação pode fornecer mais informações sobre a duração e a diversidade de condições de habitabilidade no local.
A análise das amostras foi complicada por uma falha de memória no computador principal do Curiosity ou lado A, um problema que ainda não foi resolvido.
Depois de ter permanecido alguns dias em modo de segurança, o robô está a funcionar usando o computador que é a cópia de segurança (ou lado B) do principal, enquanto os especialistas procuram resolver o misterioso problema.
Fonte: NASA
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