Ilustração da lua Europa (em primeiro plano), Júpiter (à direita) e a lua Io (no meio). Com as novas evidências na lua Europa, de Júpiter, os astrónomos acreditam que sais de cloretos sobem a partir do oceano líquido subterrâneo e alcançam a superfície gelada da lua, onde são bombardeados com o enxofre dos vulcões da lua Io, de Júpiter - Crédito: NASA / JPL-Caltech
Cientistas do California Institute of Technology(Caltech) e do Jet Propulsion Laboratory, da NASA, encontraram a maior evidência de que a água salgada do vasto oceano líquido debaixo da camada exterior gelada da lua Europa, na realidade não está isolada, mas está em contacto com a superfície gelada e, inclusivamente, há uma troca de produtos químicos.
A descoberta, baseada em dados colhidos desde a missão Galileo (1999 a 2003) até ao presente, sugere que há uma troca química entre o oceano e a superfície, tornando o oceano mais rico quimicamente.
Os investigadores detectaram produtos químicos na superfície congelada de Europa que só poderiam vir do oceano subterrâneo, o que implica que os dois estão em contacto e, potencialmente, pode constituir uma abertura para um ambiente que pode ser capaz de suportar vida como a conhecemos.
O trabalho está descrito num artigo que foi aceito para publicação no Astronomical Journal.
Mike Brown, um dos autores do estudo, do California Institute of Technology, em Pasadena, observou que esta descoberta "significa que a energia pode estar indo para o oceano, o que é importante em termos de possibilidades de vida lá. Isso também significa que, se quiser saber o que está no oceano, simplesmente pode ir para a superfície e raspar um pouco."
A composição da lua Europa é semelhante à dos planetas interiores do Sistema Solar. É rochosa, com uma camada exterior de água, com uns 100 Km de espessura, gelada à superfície e formando um oceano líquido por baixo do gelo.
Visão da lua Europa, de Júpiter, formada por vários mosaicos regionais sobrepostos. O mosaico foi construído a partir de imagens obtidas pela sonda Galileo, da NASA, durante seis sobrevoos de Europa, entre 1996 e 1999 - Crédito: NASA / JPL-Caltech / Universidade do Arizona
Desde as sondas Voyager e a missão Galileo, que mostrou que a lua Europa está coberta com uma camada de gelo, os cientistas têm tentado saber a composição da sua superfície. O espectrómetro de infravermelho, a bordo da nave Galileo, não foi capaz de fornecer os dados necessários para identificar definitivamente alguns dos materiais presentes na superfície.
Agora, através do espectrómetro OSIRIS do telscópio Keck II, em Mauna Kea, Hawaii, os cientistas conseguiram identificaram uma característica sobre a superfície de Europa que indica a presença de um sal de sulfato de magnésio, um mineral chamado epsomite, que pode ter-se formado pela oxidação (com o enxofre proveniente dos vulcões da lua Io) de um mineral, provávelmente proveniente do mar abaixo.
Os autores do estudo acreditam que possam existir, também, cloretos de sódio e potássio na superfície da lua. Mas, em geral, não são detectados pelo processo utilizado. Assim, a composição do oceano de Europa seria semelhante ao oceano salgado da Terra.
"Europa é considerada um dos principais alvos na busca de vida fora da Terra," disse Kevin Hand, também autor do estudo, do Jet Propulsion Laboratory da NASA, em Pasadena. De acordo com o cientista, "se nós aprendemos alguma coisa sobre a vida na Terra, é que onde há água líquida, geralmente há vida". "E, claro, o nosso oceano é um agradável oceano salgado. Talvez o oceano salgado de Europa seja também um lugar maravilhoso para a vida", acrescentou
Fonte: NASA
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