Investigadores norte-americanos anunciaram, este domingo, o que consideram ser o primeiro caso de “cura funcional” de um bebé nascido com HIV (vírus da imunodeficiência humana, VIH na sigla em português).
A criança tinha sido infectada à nascença pela mãe seropositiva, e que desconhecia estar infectada durante a gravidez.
Segundo explicaram os virologistas, é uma "cura funcional" e não uma cura completa, porque o vírus não foi totalmente erradicado. A sua presença foi reduzida até níveis muito baixos, o que permite ao organismo controlá-lo sem a necessidade de fármacos.
O caso foi apresentado na 20.ª Conferência Anual de Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Atlanta, Estados Unidos. O bebé, natural do Estado rural do Mississippi, começou a ser tratado pelos investigadores do Johns Hopkins Children's Center, em Baltimore, tendo-lhe sido administrados apenas medicamentos antirretrovirais comuns, cerca de 30 horas após o seu nascimento, um método pouco habitual e que poderá ter sido a chave da mudança.
Este bebé é a segunda pessoa em todo o mundo diagnosticada com "cura funcional". O norte-americano Timothy Brown foi considerado curado de HIV e leucemia, cinco anos depois de receber transplantes de medula de um dador com uma resistência natural e rara ao vírus.
Para os cientistas e especialistas em HIV, este caso é um sinal de esperança, pois mostra que uma terapia antirretroviral precoce em recém-nascidos pode fazer melhorar o tratamento e a qualidade de vida futura das crianças infectadas desde o nascimento.
Apesar dos resultados, os pesquisadores dizem que a prevenção da transmissão mãe-filho continua a ser o objectivo principal. Hoje em dia já se consegue prevenir 98 por cento das infecções em recém-nascidos por meio da identificação e tratamento de mulheres seropositivas grávidas.
Segundo Maria Eugénia Saraiva, presidente da Liga portuguesa Contra a Sida, mesmo sendo uma boa notícia, continua a ser muito importante prevenir o vírus. “Estamos contentes enquanto Liga Portuguesa contra a Sida, mas a prevenção continua a ser o mote”, disse.
Em Portugal, há poucos casos de transmissão de VIH mãe/filho. Actualmente, "por ano nascem mais de 250 crianças de mães infectadas pelo vírus da sida. Em 2010, último ano com os dados totais disponíveis, nasceram 264 crianças de mães com VIH, com a taxa de transmissão nos 1,9%, o que significa que houve cinco positivos para o vírus."
Um dos principais objectivos do Programa Nacional para a Infecção VIH/Sida em Portugal é reduzir as taxas anuais de transmissão mãe-filho do VIH para níveis próximos do 1%, até 2016.
Fonte: Publico.pt e Boas Notícias e Science Daily
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