O número de tubarões tem diminuído muito no Mediterrâneo e a sua captura tem aumentado por causa das barbatanas, carne e cartilagem - Crédito imagem: wikipédia
As populações de tubarões nos mares Mediterrâneo e Negro estão em risco de extinção, com consequências graves para os ecossistemas marinhos e cadeias alimentares, de acordo com um novo estudo divulgado nesta quinta-feira pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
O estudo "Elasmobrânquios do Mediterrâneo e do Mar Negro: estado, ecologia e biologia," salienta que o número de tubarões tem diminuído muito ao longo dos últimos dois séculos.
“O número de tubarões e o peso das capturas no Mediterrâneo diminuíram mais de 97% nos últimos 200 anos. Se a actual pressão da pesca continuar, correm o risco de extinção”, refere o documento. No Mar Negro, embora a informação seja escassa, as capturas das principais espécies de tubarões também diminuíram para cerca de metade das capturas no início de 1990.
“Esta perda de grandes predadores pode ter implicações graves em todo o ecossistema marinho, afectando substancialmente a cadeia alimentar na região”, de acordo com o estudo.
O documento chama a atenção, que as espécies de peixes cartilaginosos, como os tubarões e raias, "são de longe o grupo mais ameaçado de peixes marinhos nos mares Mediterrâneo e Negro, onde se conhecem 85 espécies diferentes." Das 71 espécies avaliadas no mar Mediterrâneo em 2007, 30 (42 por cento) foram consideradas ameaçadas.
Os peixes cartilaginosos têm esqueletos feitos de cartilagem (e não ossos) e nesse grupo, os tubarões e as raias têm o nome científico de Elasmobrânquios. As suas características biológicas, incluindo a baixa fecundidade, maturidade tardia e crescimento lento tornam-nos mais vulneráveis do que os peixes ósseos, pelas suas taxas de regeneração mais lentas. Por isso, a captura excessiva, práticas não selectivas de pesca e alteração do habitat afectam mais estas espécies que outras.
As raias e os tubarões são peixes cartilaginosos com taxas de reprodução lentas. Estão ameaçados pelo aumento da captura e alterações de habitat - Crédito: wikipédia
Em geral, os tubarões e as raias não têm sido pescados propositadamente nestes mares, mas são capturados acidentalmente.
Os desembarques anuais registados no Mediterrâneo e Mar Negro actualmente indicam cerca de 7.000 toneladas, quando em 1985 atingiam cerca de 25.000 toneladas, uma indicação da gravidade do declínio das espécies. No entanto, a pesca de tubarão está a intensificar pela crescente procura de barbatanas de tubarão, carne e cartilagem.
A situação destes Elasmobrânquios é agravada pelos danos ou alterações aos seus habitats, causados pelo transporte marítimo, pela construção e mineração submarina ou por poluentes químicos, pelo ruído e pela contaminação electromagnética.
Entre as medidas mais recentes adoptadas pela Comissão Europeia para proteger os tubarões e raias está a proibição da prática de finning (remoção das barbatanas no mar e descarte das carcaças) e limitações à pesca de arrasto dentro de três milhas da costa para aumentar a protecção dos tubarões da costa.
Barbatanas de tubarão à venda no oriente - Crédito: wikipédia
A Comissão também recomendou aos países da bacia do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro que invistam em programas de investigação científica visando identificar potenciais áreas de criação e considerarem encerramentos sazonais de certas áreas para proteger os juvenis de tubarões e de raias das actividades de pesca.
Outras iniciativas da Comissão incluem a organização de várias reuniões e cursos para uma melhor compreensão destas espécies e dos seus habitats, para além da criação de um fundo de conhecimento regional para orientar os membros da CGPM (Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo) - órgão regional da FAO para a indústria da pesca - no desenvolvimento de planos nacionais para proteger essas espécies essenciais.
Fonte: Comunicado FAO via Publico.pt
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