Ilustração do ciclo de vida de uma estrela parecida com o Sol. A imagem segue a vida de uma estrela parecida ao Sol, desde o seu nascimento, à esquerda, ao longo da sua evolução até chegar a uma gigante vermelha, à direita. À esquerda, vemos a estrela como uma protoestrela, embebida num disco de poeira à medida que se forma. Mais tarde torna-se uma estrela como o nosso Sol. Depois de passar a maior parte da sua vida nesta fase, a estrela começa gradualmente a aquecer, expandindo-se e tornando-se mais vermelha até se transformar numa gigante vermelha.
A seguir a esta fase, a estrela lançará as suas camadas exteriores para o espaço que a circunda, formando um objeto conhecido como uma nebulosa planetária, enquanto o núcleo da estrela propriamente dita arrefece, dando origem a um resto pequeno e denso chamado anã branca. No friso cronológico estão assinalados os locais onde o nosso Sol e as gémeas solares 18 Sco e HIP 102152 se encontram neste ciclo de vida. Ao estudar a HIP 102152, podemos ter uma ideia de como será o futuro do nosso Sol - Crédito:ESO/M. Kornmesser (ligação para ver ampliação)
Uma equipa internacional, liderada por astrónomos no Brasil, utilizou o Very Large Telescope do ESO para estudar duas estrelas gémeas solares - uma que se pensou ser mais jovem que o Sol (18 Scorpii) e outra que se esperava que fosse mais velha (HIP 102152).
Os cientistas descobriram que a HIP 102152, situada a 250 anos-luz de distância da Terra, na constelação do Capricórnio, é a gémea solar mais velha conhecida até à data, estimando-se que tenha 8,2 mil milhões de anos de idade. Também se confirmou que '18 Scorpii' é mais nova que o Sol, com cerca de 2,9 mil milhões de anos de idade. O nosso Sol tem 4,6 mil milhões de anos.
As gémeas solares são as estrelas mais parecidas com o Sol, já que têm massas, temperaturas e abundâncias químicas muito semelhantes. São estrelas raras, mas outras classes como as análogas solares ou estrelas do tipo solar são mais comuns.
O estudo da gémea HIP 102152, uma estrela quatro biliões de anos mais velha que o Sol, permite aos cientistas prever o que pode acontecer à nossa própria estrela quando tiver essa mesma idade. Como o Sol é a fonte de energia e de vida na Terra, há um enorme interesse em saber como ficará dentro de alguns biliões de anos.
As novas observações fornecem também uma primeira ligação clara entre a idade de uma estrela e o seu conteúdo em lítio. O lítio, o terceiro elemento da tabela periódica, foi criado durante o Big Bang, ao mesmo tempo que o hidrogénio e o hélio. Há anos que os astrónomos querem saber porque é que algumas estrelas têm menos lítio que outras.
Actualmente, o nosso Sol tem apenas 1% do conteúdo em lítio que estava presente na matéria a partir da qual se formou. A investigação de estrelas gémeas mais novas que o Sol apontava para o facto destas estrelas mais jovens terem uma quantidade significativamente maior de lítio. No entanto, os cientistas ainda não tinham conseguido demonstrar a existência de uma relação entre a idade e o conteúdo em lítio da estrela.
Ciclo de vida do Sol. - Crédito: wikipédia
Segundo TalaWanda Monroe (Universidade de São Paulo), autora principal do novo artigo científico a publicar na revista Astrophysical Journal Letters: “Descobrimos que a HIP 102152 tem níveis muito baixos de lítio, o que demonstra claramente, e pela primeira vez, que as gémeas solares mais velhas têm efectivamente menos lítio do que o nosso Sol ou estrelas gémeas solares mais novas. Podemos agora ter a certeza que as estrelas à medida que envelhecem, destroem de algum modo o seu lítio.”
As observações de HIP 102152 também sugerem que a estrela gémea possui planetas rochosos do tipo terrestre na sua órbita, atendendo a que tanto ela como o Sol mostram uma deficiência dos elementos que são abundantes em meteoritos e na Terra. Se uma estrela contém menos elementos do que os que encontramos normalmente em corpos rochosos, esta é uma indicação de que possivelmente alberga planetas rochosos do tipo terrestre, porque estes planetas capturam e trancam estes elementos quando se formam a partir do enorme disco que rodeia a estrela.
Fonte: ESO
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