De acordo com a pesquisadora Jane Francis, da Universidade de Leeds, no norte da Inglaterra, que recolheu fósseis de plantas na Antártida, as calotas polares, na história geológica, são relativamente recentes.
Fóssil de folha de faia (Fagus sylvatica) do Plioceno
Fonte: wikipédia
Entre as descobertas desta investigadora, nas Montanhas Transantárticas, estão os restos fósseis de arbustos de faia (árvore típica de climas temperados), com idade aproximada de cinco milhões de anos. Estes arbustos estavam entre as últimas plantas que viveram no continente antes do seu arrefecimento.
Também foram encontrados outros fósseis, que revelam a existência de florestas verdadeiramente subtropicais na Antártida, em períodos anteriores, durante a chamada "era dos dinossauros", quando níveis muito mais altos de gás carbónico provocaram um período de aquecimento global extremo no planeta.
Já há algum tempo se sabia que a Antártida esteve coberta de florestas (de árvores) altas, semelhantes às que existem hoje na Nova Zelândia, com árvores de grande porte, atendendo aos fósseis encontrados. O grande explorador britânico, Robert Falcon Scott, foi um dos primeiros a revelar o passado sub-tropical do continente. Encontrou fósseis de plantas na geleira Beardmore, ao retornar do Polo Sul, em 1912, morrendo pouco tempo depois.
No entanto, os cientistas ainda não sabiam como essas plantas e animais conseguiam sobreviver nas florestas polares, com invernos quentes, longos e sem luz durante meses, e verões prolongados com luz o dia todo.
Planta Ginkgo biloba também viveu na Antártida, e é considerada um fóssil vivo por ter sobrevivido até hoje - Fonte: wikipédia
Para entender como as árvores sobreviveram a essas condições extremas, o cientista David Beerling, da Universidade de Sheffield, realizou uma experiência, utilizando a espécie de planta Ginkgo biloba, que também viveu na Antártida, e que é considerada um fóssil vivo por ter sobrevivido até hoje.
Foram plantadas mudas dessas plantas em estufas, sem luz, simulando as condições de luz da Antártida e as suas condições ambientais, como temperaturas e concentrações de CO2 mais elevadas.
Os resultados da experiência permitem concluir que as árvores podiam sobreviver muito bem às condições ambientais nas florestas da Antártida. Durante o inverno elas usavam as suas reservas, compensando as perdas no verão, realizando a fotossíntese 24 horas por dia no verão.
Na região da Antártida também foram encontrados fósseis de dinossáurios, o que prova que eles existiram na zona.
Dinossáurio polar herbívoro e bípede, Leaellynasaura, que viveu na Antártida há 130 milhões de anos. Pode ter tido uma visão nocturna desenvolvida, para encontrar o alimento nos meses de inverno sem luz.
Fonte: wikipédia
Analisando o único esqueleto de dinossauro completo que foi encontrado na região, o Leaellynasaura, o especialista em dinossauros Thomas Rich, do Victoria Museum, na Australia, salientou que o animal tinha lóbulos ópticos maiores.
Segundo este cientista, isso indica que os dinossauros polares podem ter possuído uma visão noturna extremamente desenvolvida e, portanto, estavam bem adaptados para encontrar alimento e sobreviver aos prolongados invernos antárticos.
Os registros geológicos existentes provam que, na história do planeta, o clima do Polo Sul tem sofrido alterações extremas.
Nos últimos 50 anos, a temperatura na Península Antártica subiu cerca de 2,8 ºC, um aquecimento mais rápido do que em qualquer outra parte do mundo. Se o aquecimento continuar, os cientistas não negam a possibilidade da Antártida vir a ter florestas novamente.
Segundo Jane Francis, isso é possível. "Entretanto, isso implica que espécies de plantas sejam capazes de migrar pelo Oceano do Sul, vindas de lugares como a América do Sul ou a Austrália".
Fonte: Estadão
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