Medusa-da-lua (Aurelia aurita), é uma alforreca (ou água-viva) comum em todos os oceanos do planeta, principalmente em águas costeiras - Crédito: wikipédia
A pesca excessiva está a fazer prosperar as medusas que, desde o início da década de 2000, invadiram muitos dos mares de todo o mundo, como o Mar do Japão, o Mar Negro, o Mar Mediterrâneo e outros.
Segundo um novo estudo do Institut de Recherche pour le Développement (IRD), publicado no Boletim de Ciência Marinha, tão grande proliferação desses seres marinhos gelatinosos deve-se, principalmente, à pesca excessiva que faz desaparecer não só os seus predadores, como o atum e as tartarugas marinhas, mas também outros peixes mais pequenos que competem com eles pelo zooplâncton.
Os pesquisadores alertam que as medusas estão a beneficiar, sobretudo, do excesso de pesca de pequenos peixes pelágicos. Sardinhas, arenques e anchovas, por exemplo, alimentam-se de zooplâncton como as medusas, sendo, por isso, os seus principais competidores.
Em áreas onde muitos destes peixes são capturados, o nicho ecológico fica livre para as medusas e elas podem prosperar. Além disso, os pequenos peixes comem os ovos e as larvas das medusas, contribuindo para regular a população. Na sua ausência, não há nada que impeça a proliferação de medusas.
Apesar de gelatinosas, as medusas são predadores ferozes. Elas imobilizam as presas com os seus tentáculos venenosos. Existe uma variedade grande de alforrecas - como também são chamadas em Portugal - distintas nas cores, formas e tamanhos. A maioria delas é carnívora.
A proliferação de águas-vivas - outra designação para medusa - verifica-se por todo o planeta. No entanto, não há dados concretos sobre o aumento da sua população global. Nas áreas invadidas a cadeia alimentar está a ser alterada e já há danos visíveis.
A proliferação de medusas pode impedir a renovação dos recursos pesqueiros e por em risco o turismo à beira-mar, que é uma importante actividade económica em muitos países em desenvolvimento - Crédito: wikipédia
Como espécies invasoras, as medusas acabam por fazer desaparecer as espécies naturais. Elas alimentam-se das larvas de peixes, mesmo dos seus predadores. A sua proliferação impede a renovação dos recursos, ameaçando a pesca. Na Namíbia, cerca de 10 milhões de toneladas de sardinhas, em 1960, deram lugar a 12 milhões de toneladas de águas-vivas.
As medusas também estão a por em risco actividades económicas em algumas regiões, sobretudo aqueles países que dependem bastante do turismo de mar. Nas praias, os banhistas são picados pelos seus filamentos venenosos que podem causar alergia e ardor, embora raramente mortal.
O estudo chama a atenção para a necessidade da implementação de medidas de gestão que tenham em conta todos os níveis da rede trófica. Segundo os cientistas, esta é a "única maneira de prevenir que as medusas vão parar aos nossos pratos num futuro próximo".
Fonte: ScienceDaily
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