O painel superior da imagem mostra inteiramente Mira e a sua cauda semelhante à de um cometa, observada em comprimentos de onda ultravioleta. O painel inferior é uma ampliação sobre Mira, que aparece como um ponto rosado, movendo da esquerda para a direita nesta visão. O material ejectado aparece em azul claro. Os pontos na imagem são estrelas e galáxias distantes. O ponto maior azul, no lado esquerdo do painel superior, e o ponto grande amarelo no painel inferior, são estrelas que estão mais próximas da Terra do que Mira. As imagens foram captadas entre 18 de Novembro e 15 de Dezembro de 2006 - Crédito: NASA/JPL-Caltech
Mira é uma estrela que se move a uma velocidade vertiginosa no espaço e, ao mesmo tempo, vai perdendo material que forma um rastro enorme e que será reciclado para formar novas estrelas, planetas e, possivelmente, originar vida enquanto ela corre através da nossa galáxia, Via Láctea. A estrela "maravilhosa" (significado da palavra latina 'mira') está localizada a 350 anos-luz da Terra, na constelação de Cetus, também conhecida como Baleia
A cauda de Mira, semelhante à de um cometa, foi descoberta pela telescópio Galaxy Evolution Explorer (Galex), durante uma pesquisa de todo o céu em comprimentos de onda ultravioletas. Estende-se pela extraordinária distância de 13 anos-luz, o que significa que a estrela está a perder material há cerca de 30.000 anos, com o material mais antigo na ponta da cauda, mais ou menos no tempo em que desapareceu o homem-de-neandertal na Terra.
Mira é uma estrela "gigante vermelha", bastante antiga e já perto do fim da sua vida. Tem uma cor avermelhada e está bastante dilatada. O nosso Sol também vai atingir a fase de gigante vermelha dentro de cerca de 5.000 milhões de anos.
Como qualquer gigante vermelha, Mira vai perder uma grande parte da sua massa na forma de gás e pó. Na realidade, ela já ejecta o equivalente à massa da Terra a cada 10 anos. Ao longo dos últimos 30.000 anos, ela já lançou material suficiente para formar, pelo menos, 3.000 planetas como a Terra ou 9 do tamanho de Júpiter.
A cauda de Mira estende-se ao longo de 13 anos-luz através do céu. Em comparação, a estrela mais próxima do Sol, a Proxima Centauri, fica apenas a cerca de 4 anos-luz de distância. A imagem mostra alguns eventos da história da vida na Terra, enquanto Mira foi perdendo lentamente o material arrancado ao longo do tempo, sendo o material mais antigo, no final da cauda, libertado há cerca de 30.000 anos, quando se extinguiu o Homem-de-neandertal na Terra. O extremo direito da imagem corresponde à actualidade - Crédito: NASA/JPL-Caltech
De certa maneira, pode dizer-se que Mira é uma estrela fugitiva. Enquanto a maioria das estrelas se move em conjunto em torno do disco da Via Láctea, a estrela Mira ultrapassa-as e viaja muito mais rapidamente em relação ao ambiente gasoso da nossa galáxia, com a velocidade de 130 Km por segundo.
A enorme velocidade a que se desloca Mira e a perda do seu material contribuem para formar a sua cauda única e brilhante. As imagens do observatório Galex mostram uma onda de choque em frente da estrela, formada por uma grande acumulação de gás resulante da interacção entre os ventos estelares e a radiação interestrelar, tal como acontece com a água que se acumula na frente de um barco a grande velocidade.
Um comunicado recente da NASA divulgou que o nosso Sol não tem onda de choque, porque o seu movimento na Via Láctea não é suficientemente rápido para isso.
De acordo com os cientistas, o gás quente desta onda de choque mistura-se com o gás hidrogénio, mais frio, que é posto fora pela estrela Mira, e aquece-o enquanto é atirado para trás numa onda turbulenta, formando a cauda. À medida que vai perdendo energia torna-se fluorescente em luz ultavioleta, o que permitiu ser detectado pelo observatório Galex.
Mira não viaja sozinha no espaço. Ela forma um sistema binário com outra estrela, que os astrónomos pensam ser uma anã branca, conhecida por Mira B, enquanto a companheira gigante vermelha é a Mira A. Estas duas estrelas circulam à volta uma da outra, completando uma órbita em 500 anos.
Mira apresenta ainda outra característica especial, o seu brilho aumenta e diminui (num determinado factor) regularmente a cada 332 dias, é o que se chama uma estrela variável pulsante. Foi a primeira estrela variável com um período regular a ser descoberta, daí que outras estrelas do mesmo tipo são referidas por "Miras". Fonte: NASA
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