Bolhas e jactos fracos de raios gama no núcleo da nossa galáxia (reprodução). Sugerem que o centro da Via Láctea já foi muito mais activo - Crédito: David A. Aguilar (CfA)
O núcleo da Via Láctea mostra pouca actividade, mas a descoberta destes jactos fracos sugere que o núcleo galáctico já foi mais activo num passado recente. De acordo com o estudo publicado na revista 'Astrophysical Journal', os jactos são uma "pálida imagem" do que foram no passado e devem ter-se produzido há um milhão de anos atrás.
As galáxias activas têm núcleos que brilham e são alimentados por buracos negros supermassivos que absorvem material do seu ambiente. Muitas vezes, ejectam matéria na forma de jactos lançados em direcções opostas. O núcleo da Via Láctea não se mostra tão activo, mas as novas evidências dos dois jactos fracos de raios gama detectados pelo telescópio espacial Fermi, da NASA, revelam que Sagitário A era mais activo no passado.
Os jactos estendem-se a partir do centro da galáxia até uma distância de 27.000 anos-luz, acima e abaixo do plano galáctico. São os primeiros feixes desse tipo já encontrados, e os únicos perto o suficiente para serem resolvidos com o telescópio Fermi.
De acordo com os cientistas, os jactos podem estar relacionados com as misteriosas bolhas de raios gama detectadas pelo telescópio Fermi, em 2010, e que também atingem 27.000 anos-luz para além do centro da Via Láctea. No entanto, estas bolhas são perpendiculares ao plano galáctico, enquanto os jactos de raios gama estão inclinados de 15º, o que pode significar uma inclinação do disco de acreção à volta do buraco negro da nossa galáxia.
Os jactos produziram-se quando o plasma foi atirado para fora do núcleo da galáxia, mas permanecendo sujeito ao campo magnético. Os astrónomos pensam que as bolhas de raios gama, provavelmente, foram criadas por um “vento” que soprava para o exterior a matéria quente do disco de acreção do buraco negro, por isso são mais largas.
Não se sabe quando o centro da nossa galáxia esteve activo e se formaram os jactos. No mínimo, eles começaram há 27.000 anos. Os cientistas dizem que seria precisa uma enorme quantidade de matéria entrando no núcleo galáctico para que ele ficasse activo. Estimativas apontam para o equivalente a 10.000 massas solares.
Fonte: Comunicado de Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA)
Sem comentários:
Enviar um comentário