Ilustração de uma paisagem de floresta do Jurássico tardio com saurópodos - Fonte: wikipédia
As vacas e outros ruminantes são responsáveis pela emissão de metano, poderoso gás de efeito de estufa, e um dos causadores do aquecimento global da Terra.
Um estudo publicado esta semana na 'Current Biology' sugere que este problema ambiental de emissão de metano já devia acontecer na era dos dinossáurios.
Segundo os investigadores, os dinossáurios saurópodos (herbívoros) que viveram no Mesozóico provavelmente emitiram grandes quantidades de metano que contribuiram para tornar mais quente o clima desse período.
Na realidade, foram os micróbios que viviam nos intestinos dos dinossáurios que produziram o metano. Em muitas espécies de herbívoros, como os ruminantes, o metano resulta da fermentação dos alimentos durante a digestão, por acção de micróbios existentes no tubo digestivo dos animais.
O estudo agora divulgado surgiu de uma investigação sobre a ecologia dos grandes saurópodos da era Mesozóica, entre 250 e 65 milhões de anos atrás. Tinham um corpo enorme, com uma cabeça pequena no extremo de um pescoço longo. Um exemplar de tamanho médio podia pesar cerca de 20 toneladas.
Ilustração do Brachiosaurus, um dos maiores dinossáurios saurópodos que existiram - Fonte: wikipédia
Os fósseis encontrados mostram que estes dinossáurios eram muito variados e se espalharam pelo planeta em diversos ecossistemas, durante o Jurássico e o Cretáceo. Os pesquisadores calcularam a quantidade que estes gigantes saurópodos podiam ter emitido, com a ajuda de Nisbert Euan, especialista em metano na Universidade de Londres.
Admitindo que cada quilómetro quadrado de superfície com vegetação teria entre alguns poucos animais até várias dezenas de dinossáurios, os resultados mostram que os saurópodos foram responsáveis pela emissão de 520 milhões de toneladas de metano em cada ano, uma quantidade comparável à emissão total de metano actualmente.
Os autores do estudo lembram que, antes da era industrial, a emissão de metano rondava as 200 toneladas por ano. Os ruminantes actuais, entre os quais vacas, cabras, ovelhas e girafas, geram entre 50 e 100 milhões de toneladas por ano. De acordo com a Organização das Nações Unidas, o sector pecuário é responsável atualmente por 18% das emissões globais de gases de efeito estufa, onde se inclui tanto as emissões de produção de alimentos como as geradas pelo metano expelido pelos ruminantes.
Para Dave Wilkinson, investigador da Universidade John Moores de Liverpool e autor principal do estudo publicado, "os nossos cálculos sugerem que estes grandes dinossáurios poderiam ter gerado mais metano que todas as fontes de metano da actualidade juntas, naturais e com origem nas actividades humanas."
Assim, os investigadores consideram que os saurópodos podem ter contribuído significativamente para aquecer o clima da altura com as suas emissões de metano e como não eram as únicas fontes deste gás de efeito de estufa, os níveis de metano no Mesozóico poderiam ser muito superiores aos actuais.
De acordo com os cientistas, o clima no Mesozóico era mais quente que hoje, húmido e sem capas de gelo polar permanentes. Pesquisas anteriores sugerem que a temperatura média podia ser 10° superior à actual.
Fonte: El Mundo.es
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