Meteorito ALH84001, com cerca de 4,5 biliões de anos, é uma das 10 rochas de Marte onde os investigadores encontraram compostos orgânicos de carbono originados em Marte, sem o envolvimento da vida. A amostra de rocha, de 9 cm de diâmetro, é parte de um meteorito que se soltou de Marte devido a um grande impacto, há 16 milhões de anos. O meteorito caiu na Terra, na Antárctida, há aproximadamente 13.000 anos e foi encontrado em 1984. Está reservado para estudo em Johnson Space Center's Meteorite Processing Laboratory, em Houston - Crédito: NASA/JSC/Stanford University
Uma equipa de pesquisadores do Carnegie Institution for Science, em Washington, encontrou grandes moléculas contendo carbono em meteoritos de origem marciana, o que constitui uma forte evidência que estas macromoléculas com carbono, que é um ingrediente essencial na construção da vida, podem formar-se em Marte.
As macromoléculas encontradas de carbono reduzido (o carbono está ligado a hodrogénio ou entre si) não são de origem biológica, mas dão indicação que a química do carbono ocorreu no planeta vermelho. A descoberta ajuda a conhecer melhor os processos químicos que ocorrem em Marte.
Os cientistas analisaram amostras de 11 meteoritos marcianos, abrangendo um período de cerca de 4,2 biliões de anos da história marciana e detectaram compostos de carbono em 10 deles. As moléculas foram encontrados no interior de grãos de minerais cristalizados. A equipa conseguiu mostrar que pelo menos algumas das macromoléculas de carbono pertenciam aos meteoritos e não resultaram de contaminação na Terra.
Os grãos cristalinos contendo os compostos de carbono dão uma visão como as moléculas de carbono foram criados. Os resultados indicam que o carbono foi criado por actividade vulcânica em Marte, e mostram que Marte teve processos de química orgânica na maioria da sua história.
A associação de carbono orgânico dentro de minerais magmáticos indica que os magmas de Marte favoreceram a precipitação de espécies de carbono durante a cristalização. A existência de carbono orgânico abiótico em rochas ígneas marcianas é importante para compreender o ciclo do carbono de Marte e tem implicações em futuras missões para detectar possível vida no passado de Marte.
"Estes resultados mostram que o depósito de moléculas de carbono em Marte ocorreu ao longo da história do planeta e pode ter sido semelhante aos processos que ocorreram na Terra primitiva", disse Andrew Steele, principal autor do artigo publicado na revista Science Express e pesquisador do Carnegie. "Entender a origem não-biológica dessas macromoléculas contendo carbono em Marte é crucial para o desenvolvimento de futuras missões para detectar sinais de vida no nosso planeta vizinho."
Um dos objectivo das missões passadas e presentes de Marte é encontrar moléculas com grandes cadeias de carbono e hidrogénio, moléculas que já foram encontradas em meteoritos de Marte. Até agora os cientistas discordavam sobre a origem desse carbono.
A nova investigação mostra que Marte pode produzir carbono orgânico. Além disso, os seus resultados devem ajudar os cientistas envolvidos em missões actuais e futuras de Marte, por exemplo na distinção entre moléculas de carbono de origem não-biológica e aquelas de origem biológica. É o caso da missão Mars Science Laboratory, que se encontra a caminho de Marte, onde o robô Curiosity deve pousar em Agosto próximo.
Fonte: NASA
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