174 cientistas de vários países fizéram uma
avaliação do estatuto de conservação dos vertebrados a nível mundial. O estudo incidiu sobre 25 mil espécies de vertebrados (mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes), pertencentes ao Livro Vermelho da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Uma em cada cinco espécies de vertebrados está ameaçada de extinção no mundo, e cerca de 52 espécies de mamíferos, aves e anfíbios movem-se, todos os anos, para uma categoria no estatuto de conservação mais próxima da extinção (estatuto de conservação segundo as categorias de “pouco preocupante”, “quase ameaçado”, “vulnerável”, “em perigo”, “criticamente em perigo”, “extinto na natureza” ou “extinto”).
O relatório desta investigação
, publicado na edição online da
revista Science, em 26/10/2010, refere que
20% dos vertebrados de todo o mundo estão hoje classificados como “
quase ameaçados” – incluindo 25% de todos os mamíferos, 13% das aves, 22% dos répteis, 41% dos anfíbios, 33% dos peixes cartilaginosos e 15% dos peixes com ossos.
Os
vertebrados são, apenas, 3% de todas as espécies da Terra, mas eles" representam
papéis vitais nos seus ecossistemas e têm grande
importância cultural e económica para os seres humanos". O declínio dos vertebrados é maior nas regiões tropicais, sobretudo no Sudoeste Asiático, com a expansão agrícola, o corte de árvores e a caça, entre outras causas.
Cada vez mais, as alterações climáticas em combinação com outras ameaças, é uma preocupação considerável, causando desequilíbrio do ecossistema, perda de habitat, declínio da população e alterações na distribuição das espécies.
Cavalo Przewalski’(China e Mongólia),
Equus ferus przewalskii, dado como extinto na natureza e agora em recuperação
No entanto, de acordo com os investigadores, as perdas e o declínio teriam sido cerca de 20% maiores se não fossem algumas acções de conservação das espécies em perigo, embora com resultados mais positivos na luta contra as espécies invasoras do que na luta contra a perda de habitats ou a caça.
Mico-leão-dourado, Leontopithecus rosalia, espécie protegida e em recuperação, no Brasil
Simultaneamente, o relatório
Global Ocean Protection: Current Trends and Future Opportunities - da responsabilidade da IUCN, The Nature Conservancy e UNEP, entre outros, apresentado na Conferência da Biodiversidade, em Nagoya, Japão, afirma que
alguns estoques de espécies marinhas comerciais estão próximos do colapso e
não deveriam continuar a ser pescados. Os responsáveis pelo estudo realçam a necessidade de planos de
uso sustentável de longo prazo.
No tratamento da crise de extinção, a
primeira prioridade é
conservar os serviços dos ecossistemas que precisamos para sobreviver. Os oceanos e as florestas prestam serviços vitais, repondo o oxigénio necessário à vida, regulando o clima, fornecendo recursos alimentares essenciais e armazenendo carbono.
Contudo, temos que garantir que a grande diversidade de vertebrados, que levou milhões de anos a evoluir, não se perca nas próximas décadas. Aumentar os esforços de conservação é um passo fundamental para reverter a situação, o que exige
políticas e sistemas económicos que incentivem a gestão sustentável dos recursos limitados da Terra. E nós, como sociedade, teremos de
repensar o nosso estilo de vida, de consumo e desperdício excessivos.
Mais informações
aqui.
Global Ocean Protection: Current Trends and Future Opportunities (relatório em inglês-pdf)
Evolution Lost: Status and Trends of the World’s Vertebrates (relatório em inglês-pdf))
Conservação de sucesso (galeria de imagens)
Lutando pela sobrevivência (galeria de imagens)
Links relacionados:
Ministros chegaram ao Japão para tentar travar extinção das espécies
Primatas do Brasil: prioridade global