quarta-feira, 25 de abril de 2012

Jardins zoológicos portugueses não estão a proteger as espécies como deviam

A organização Born Free alerta para os riscos (lesão ou transmissão de doenças) que o público corre, por poder contactar directamente com os animais dos zoos, quando a segurança não está convenientemente garantida. Zebra (Equus grevyi) no jardim zoológico de Lisboa - Fonte: wikipédia

A organização não governamental Born Free divulgou, nesta terça-feira em Bruxelas, um relatório segundo o qual a maioria dos parques zoológicos europeus não respeita as regras do bem-estar animal e da conservação das espécies, incluindo os zoos portugueses que, na generalidade, contribuem pouco para a conservação das espécies.
Esta organização dedica-se, há mais de 20 anos, à melhoria das condições de vida dos animais em cativeiro na Europa.
No documento apresentado, intitulado “Investigação da UE aos Zoos, 2011”, com relatórios individuais por país também, a Born Free concluiu que a maioria dos jardins zoológicos não está a cumprir com rigor a legislação sobre preservação de espécies e o bem-estar animal.
Em Portugal foram analisados vários parques zoológicos: Jardim Zoológico de Lisboa, Zoo da Maia, Zoomarine, Lourosa Zoo, Zoo de Lagos, Parque Biológico de Gaia, Monte Selvagem Reserva Animal, Fluviário de Mora, Europaradise Park e Badoca Park, correspondendo a 495 espécies em 459 instalações.
Os resultados da investigação em Portugal revelam que os parques não contribuem de forma significativa para a conservação das espécies ameaçadas, porque a maioria das espécies dos parques portugueses estão na categoria "pouco preocupante" e de baixa prioridade para a conservação. Além disso, os parques zoológicos participam pouco em programas europeus de reprodução em cativeiro, apenas 19% das 495 espécies identificadas estão registadas nos Programas de Reprodução de Espécies Ameaçadas Europeias.

A organização Born Free recomenda uma investigação, por parte das autoridades portuguesas, às condições de vida nos delfinários do Jardim Zoológico de Lisboa e no Zoomarine.  Golfinhos no zoo de Lisboa - Fonte: wikipédia

Relativamente às instalações e condições de segurança para o público, os resultados também não são muito favoráveis. O relatório alerta que, em alguns casos, o público corre “risco de lesão ou de transmissão de doenças” devido à fragilidade das instalações e à falta de barreiras de isolamento e de pessoal.
O valor educativo dos parques zoológicos portugueses analisados também é considerado "limitado" pela organização Born Free, contrariamente ao que deve ser e a lei exige. Nem todas as espécies estão devidamente sinalizadas, verificando-se ausência de sinalização, nome cientíco incorrecto ou sinalização em mau estado.
De acordo com o relatório, 81% das instalações analisadas não cumprem os padrões mínimos exigidos para as condições de vida e bem-estar animal e salienta os delfinários existentes no Jardim Zoológico de Lisboa e no Zoomarine, cujas condições de vida a organização considera que devem ser investigadas pelas autoridades portuguesas.
O relatório recomenda que as autoridades, nomeadamente ao Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e ao Ministério do Ambiente, procurem acabar com as actuações de animais treinados nos zoológicos, por transmitirem uma “visão distorcida do comportamento natural” das espécies.
Além disso, o Ministério do Ambiente deverá rever o procedimento de licenciamento dos parques, pois o estudo da Born Free concluiu que os parques zoológicos licenciados não respeitam totalmente a legislação que regula os zoos em Portugal - directiva comunitária (1999/22/EC) e Decreto-Lei 59/2003 - e alguns nem sequer estão licenciados.
Mais informações em Publico.pt e Relatório Born Free sobre os Zoos portugueses

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