Cadeias de crateras Tractus Catena, na região de Tharsis, em Marte, numa perspectiva gerada por computador, com base em dados recolhidos pela sonda Mars Express, da ESA. Se as depressões estão ligadas a cavidades subterrâneas, elas podem ter abrigado alguns microorganismos no passado. Imagem obtida em 22 de Junho de 2011 - Crédito: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum)
Imagens da sonda Mars Express, da ESA, mostram várias cadeias de crateras de abaixamento na base de um dos maiores vulcões do Sistema Solar, o Monte Alba, na região de Tharsis, em Marte.
Se estas crateras estiverem associadas a cavidades subterrâneas, há possibilidade de terem abrigado alguns microorganismos, no passado, que assim permaneceram protegidos do ambiente agressivo à superfície. Constituem, por isso, lugares com características para uma possível pesquisa de vida microbiana em Marte.
As crateras de Tractus Catena, como são conhecidas, partem da ladeira sudeste do Monte Alba, e são formadas por largas cadeias de depressões circulares que se estendem ao longo de fracturas na superfície marciana.
Não se sabe como se formaram estas crateras, mas uma das explicações indica que poderão ter uma origem vulcânica. A lava emitida por um vulcão começa a solidificar na superfície, criando um tubo no qual continua a fluir a lava fundida. Terminada a actividade vulcânica, o tubo fica vazio, formando-se uma cavidade subterrânea. Com o tempo, partes do tecto, por cima da cavidade, podem colapsar, deixando depressões circulares na superfície. Podem encontrar-se estruturas semelhantes, por exemplo nos flancos do vulcão Kilauea, no Hawai, no nosso planeta.
No entanto, estas depressões podem resultar da acção de água subterrânea. Na Terra, há exemplos claros de estruturas semelhantes nas regiões de Karst, entre a Eslovénia e a Itália, onde este fenómeno foi estudado pela primeira vez.
Uma paisagem típica de relevo cárstico, caracterizado pela dissolução química das rochas, que leva ao aparecimento de uma série de características físicas, tais como grutas e dolinas - Fonte: wikipédia
Um dos exemplos mais famosos na Terra é a rede de ‘cenotes’, na península do Yucatan, no México. Estes poços profundos formam-se quando as rochas de calcário à superfície colapsam, expondo a água por baixo.
O "Sacred Cenote" (Cenote Sagrado) em Chichén Itzá, Mexico - Fonte: wikipédia
Se as crateras de Tractus Catena resultaram do colapso de cavidades subterrâneas, sobretudo devido à acção da água, há hipótese de um dia terem abrigado microorganismos, que ficaram protegidos das condições extremas da superfície, nomeadamente da radiação do planeta que é cerca de 250 vezes mais intensa do que na Terra.
De qualquer modo, estas cadeias de crateras de abaixamento revelam a semelhança entre os processos geológicos de Marte e da Terra. E se estiverem associadas a um sistema de grutas, no futuro poderão servir de refúgio aos astronautas que venham a explorar o Planeta Vermelho.
Fonte: ESA
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