Os indígenas awá da amazónia brasileira constituem um dos últimos povos de caçadores e recolectores do planeta. Vivem numa região demarcada da selva tropical no estado do Maranhäo, no norte do Brasil. Actualmente o seu território está reduzido, com menos cerca de um terço de floresta amazónica, destruída por madeireiros, criadores de gado e colonos.
Os últimos dados indicam que entre 60 e 100 awás continuam vivendo em isolamento, como nómadas, e cerca de 360 vivem em quatro territórios ocupando menos de 118.000 hectares. Há uma década eram 247.000 hectares da selva tropical.
De acordo com Fiona Watson, da organização Survival Internacional, os awás "estão à beira da aniquilação, como aconteceu com outros antes".
Para evitar um novo genocídio e proteger a floresta onde moram os awás, a ONG Survival Internacional lança hoje uma campanha mundial, chamando à atenção dos governantes brasileiros para salvar este povo da extinção. A campanha tem a colaboração do actor britânico Colin Firth (do filme "O discurso do Rei"), que utiliza a sua voz num vídeo sobre a situação deste povo indígena, considerado "o mais ameaçado da Terra". A participação na campanha pode fazer-se enviando uma carta ao governo brasileiro, fazendo uma doação.
Os territórios awá estão situados na região do Alto Turiacu, Araribola, Awá y Carú, uma demarcação indígena legalizada em 2005, mas cujos limites são constantemente violados com impunidade por madeireiros ilegais, criadores de gado e colonos que ocupam as terras.
A descoberta, nos anos 70, de uma mina de ferro no interior do território dos awás foi o início da destruição, que continua até agora, com a "construção de estradas, aldeamentos para a mina de Carajás, incluindo um caminho de ferro financiado pela União Europeia que liga as instalações à costa". Além disso, agora "os madeireiros também constroem estradas, e eles estão encurralados", denuncia Fiona Watson.
Se todos nos interessarmos, as crianças awás poderão crescer e brincar em paz na sua prória terra - Crédito: Survival
O documentário de Survival contém imagens únicas dos awás, que raramente permitem a presença de estranhos nas suas comunidades. Algumas cenas mostram a sua relação especial com os animais, que matam exclusivamente para comer; "o ritual debaixo da lua onde falam com os espíritos dos seus antepassados e a devastadora destruição causada pelos madeireiros e criadores de gado, que fazem arder colinas inteiras".
Se um dia os awás desaparecem, com eles irá não só a sua língua, como o conhecimento da floresta tropical único no planeta.
De acordo com Stephen Corry, director da organização Survival, " os awás estão ameaçados pelos madeireiros armados, mas também pelo nosso próprio desinteresse. E contudo estas campanhas têm demonstrado repetidamente que têm êxito. Se muitas pessoas no Brasil e no resto do mundo mostrarem que isso é importante para elas, as crianças awás poderão crescer em paz na sua própria terra".
Mais informações em El Mundo.es e Survival Internacional
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