Com a ajuda do Very Large Telescope do ESO (VLT), astrónomos mostraram que as estrelas mais quentes e mais brilhantes, conhecidas como estrelas do tipo O, vivem geralmente em pares próximos. Muitos destes binários transferem matéria de uma estrela para outra, num tipo de vampirismo estelar ilustrado na imagem, com a estrela vampira (a mais pequena) à esquerda e a sua vítima à direita - Crédito: ESO/L. Calçada/S.E. de Mink
Um novo estudo, que utilizou o Very Large Telescope do ESO (VLT), mostrou que quase três quartos das estrelas mais quentes, mais brilhantes e de elevada massa, conhecidas como estrelas do tipo O, têm uma companheira próxima, uma proporção mais elevada do que a suposta até agora.
Além disso, os cientistas descobriram que muitos destes binários interagem de modo violento, havendo, por exemplo, transferência de massa de uma estrela para a outra, as chamadas estrelas vampiras. Pensa-se que cerca de um terço destes pares acabará por se fundir, formando uma única estrela.
Uma equipa internacional utilizou o VLT para estudar estrelas do tipo O, que apresentam temperaturas, massas e luminosidades muito elevadas. São estrelas com vidas curtas e violentas, desempenhando um papel fundamental na evolução das galáxias. Estão também ligadas a fenómenos extremos, como às "estrelas vampiras" - onde a estrela mais pequena chupa a matéria da superfície da companheira maior - e explosões de raios gama.
As estrelas do tipo O podem ter 15 ou mais vezes a massa do nosso Sol e serem até um milhão de vezes mais brilhantes. São tão quentes que brilham com uma luz azul-esbranquiçada, com temperaturas à superfície superiores a 30 000 graus Celsius.
Os astrónomos estudaram uma amostra de 71 estrelas do tipo O, tanto isoladas como em pares (binários), em seis enxames estelares jovens próximos, na Via Láctea. A maioria dos dados utilizados no estudo foram obtidos com telescópios do ESO, incluindo o VLT.
Analisando a radiação emitida por estes objetos, a equipa descobriu que 75% de todas as estrelas do tipo O fazem parte de um sistema binário, uma proporção mais elevada do que se pensava, e a primeira determinação precisa deste valor. Para além disso, e ainda mais importante, a equipa descobriu que a proporção destes pares onde as estrelas se encontram suficientemente próximas para que haja interacção entre elas (quer através de fusão estelar quer através de transferência de massa pelas chamadas estrelas vampiras) é muito mais elevada do que a esperada, resultado que tem implicações profundas na compreensão da evolução de galáxias.
Apesar das estrelas do tipo O formarem apenas um por cento das estrelas no Universo, os fenómenos violentos associados a elas fazem com que tenham um efeito desproporcionado no seu meio circundante.
As imagens mostram partes das Nebulosas Carina (à esquerda), Águia (ao centro) e IC 2944 (à direita). Todas elas são regiões de formação estelar que contêm muitas estrelas quentes jovens, incluindo várias estrelas brilhantes de tipo espectral O e que estão marcadas com círculos. Revelou-se que muitas destas estrelas vivem em pares próximos e que tais binários transferem frequentemente matéria de uma estrela para a outra - Crédito: ESO
Os ventos e choques que resultam destas estrelas tanto podem iniciar como parar a formação estelar. A sua radiação faz brilhar as nebulosas, as suas supernovas enriquecem as galáxias com elementos pesados essenciais à vida, estando ainda associadas às explosões de raios gama, que estão entre os fenómenos mais energéticos no Universo. Por isso, as estrelas de tipo O estão implicadas em muitos dos mecanismos que fazem evoluir as galáxias.
Este trabalho foi descrito num artigo científico intitulado "Binary interaction dominates the evolution of massive stars", H. Sana et al.,, que será publicado na revista Science, a 27 de Julho de 2012.
Fonte: ESO
Sem comentários:
Enviar um comentário