Imagem da Terra mostrando se toda a água do
planeta (líquida, gelo, água doce e salgada) fosse colocada numa esfera com
cerca de 1.385 km de diâmetro, um pouco menor que a distância Lisboa-Paris -
Crédito: Jack Cook, Woods Hole Oceanographic Institution;
USGS
Cerca de três quartos da superfície da Terra está coberta de água, a maior parte no estado líquido, o que faz dela o Planeta Azul, de certeza o mais bonito do universo. No entanto, os astrónomos dizem que o nosso planeta é seco, facto que sempre os intrigou.
Na verdade, menos de um por cento da massa da Terra é água, e pensa-se que a maioria dela foi trazida por asteróides após a sua formação inicial.
Um novo estudo tenta explicar a falta de água do nosso planeta e sugere que, provavelmente, a Terra se formou numa parte mais quente e mais seca do sistema solar do que se pensava até agora.
O modelo padrão que explica como se formou o sistema solar a partir de um disco protoplanetário - um disco de gás e poeira girando à volta do nosso Sol, há milhões de milhões de anos - sugere que o nosso planeta deveria ser um mundo de água.
Segundo este modelo, a Terra deve ter-se formado a partir de material gelado numa zona em torno do Sol, onde as temperaturas eram frias o suficiente para manter o gelo, fora da "linha de neve", uma zona do sistema solar para além da qual a luz do Sol é muito fraca para derreter os detritos gelados que restaram do disco protoplanetário. Sendo assim, a Terra deveria ser feita a partir de material rico em água. No entanto ela tem pouca água na sua formação.
Uma nova análise do modelo do disco de acreção, explicando como se formam os planetas num disco de detritos à volta do nosso Sol, aponta uma possível razão para a Terra ser seca.
O estudo, liderado por Rebecca Martin e Mario Livio do Space Telescope Science Institute em Baltimore, Maryland, constatou que o nosso planeta se formou a partir de detritos rochosos numa região seca, quente, dentro da chamada "linha de neve".
Ilustração de dois modelos diferentes de disco de acreção, mostrando as estruturas do disco protoplanetário que circundava o Sol recém-nascido, há 4,6 biliões de anos. A principal diferença entre os dois modelos é a localização da "linha de neve", que separa uma área quente e seca do disco de uma região turbulenta gelada.No modelo de disco padrão, à esquerda, a Terra formou-se para além da "linha de neve", numa região gelada. No novo modelo de disco, à direita, a Terra formou-se numa região mais quente, seca, fora da "linha de neve", que está muito mais longe do Sol. Este modelo explica por que a Terra é relativamente seca - Crédito: NASA, ESA, and A. Feild (STScI)
"Ao contrário do modelo do disco de acreção padrão, na nossa análise a linha de neve não fica dentro da órbita da Terra", disse Mario Livio. "Em vez disso, ela permanece mais afastada do Sol do que a órbita da Terra, o que explica que a nossa Terra seja um planeta seco. Na verdade, o nosso modelo prevê que os outros planetas mais interiores, Mercúrio, Vénus e Marte, também são relativamente secos."
Os resultados do estudo foram aceites para publicação no jornal Monthly Notices da Royal Astronomical Society.
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